Banco de Portugal preocupado com elevada exposição dos bancos à dívida pública portuguesa
O Banco de Portugal está preocupado com a elevada dívida publica portuguesa detida pelos bancos, que em junho representava 37% da carteira de títulos do setor, devido ao impacto em capital e resultados caso sejam impostos limites à concentração de títulos.
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Segundo os dados hoje divulgados no Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal, no primeiro semestre deste ano, os bancos aumentaram a exposição à divida soberana de Portugal. Em junho de 2013, esta representava 37% da carteira de títulos dos bancos e 7% do total de ativos do setor bancário.
Para o supervisor e regulador bancário, apesar de a divida pública portuguesa contribuir para as rendibilidades dos bancos, devido as taxas de juro pagas, também «comporta alguns riscos».
O Banco de Portugal diz-se sobretudo preocupado com eventuais alterações regulamentares a nível europeu, no quadro da União Bancária, que poderão impor limites à concentração de dívida pública, o que teria impacto no capital dos bancos portugueses e, logo, nos resultados.
«Existe incerteza acerca do tratamento prudencial a aplicar futuramente a exposições ao risco soberano, que eventualmente se poderão traduzir quer em uma ponderação pelo risco desses ativos, quer na definição de limites a concentração geográfica, em ambos os casos podendo impactar o capital regulamentar. Esta alteração implicará potencialmente a redução da exposição ou a sua diversificação, o que afetará a rendibilidade das instituições», lê-se no documento divulgado.
O Banco de Portugal pretende, assim, que os bancos façam uma transição suave e comecem desde já a diversificar a sua carteira de ativos, em especial na componente de dívida pública, para evitar eventuais alterações abruptas com impacto negativo nas instituições.