Bancos tornaram-se bode expiatório da crise, diz presidente do BESI

Em entrevista ao programa Gente que Conta deste domingo, José Maria Ricciardi afirmou que «os bancos a certa altura viraram uma espécie de bombos da festa» para «os problemas na Europa», com os políticos a demitirem-se de responsabilidades.

O presidente do BES Investimento comentou também o diploma publicado esta semana em Diário da Republica sobre as chamadas ajudas do Estado à banca.

Para o banqueiro, o diploma tal como está é bem-vindo porque, apesar de entrar no capital dos bancos, o Estado fica impedido de obter o controlo das instituições intervencionadas. Ou seja, entre a proposta inicial e aquela que foi aprovada houve uma mudança que agrada à banca.

O diploma «sofreu os devidos ajustamentos de forma que agora é muito mais uma capitalização do que uma nacionalização, algo que era um pouco mais contestável», disse.

O Governo contempla uma linha de financiamento de 12 mil milhões de euros para a banca.

Nesta entrevista, o presidente do BES Investimento considerou ainda que Portugal deveria renegociar os prazos do acordo com a "troika".

Este acordo, «mantendo firme um programa de diminuição do défice e de diminuição da dívida», «não pode ser feito até 2013, tem de ser feito para um período mais alargado», considerou.

Há o risco de «as receitas fiscais caírem mais rapidamente» do que o previsto e de «a despesa não cair, porque há mais desemprego e é preciso mais dinheiro» para isso, não sendo assim possível consolidar as contas públicas, advertiu.

José Maria Ricciardi, amigo confesso de Pedro Passos Coelho, disse ainda que para Portugal é fundamental conseguir investimentos de zonas do mundo que estão em contraciclo económico com a Europa.

O programa Gente que Conta, uma parceria da TSF com o Diário de Notícias, pode ser ouvido na Emissão da TSF este domingo, depois do noticiário das 11:00 horas, e a partir dessa hora na página do programa.