Bruxelas aumentou intransigência em relação ao Banif quando o governo mudou, diz antigo representante do Estado. Banco iniciava recuperação quando foi apanhado na tempestade do GES.
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"Por razões que se prendem provavelmente com a mudança do governo num momento crítico para o banco, notámos que o grau de intransigência das instâncias comunitárias se tinha alterado", afirmou Miguel Barbosa na Comissão Parlamentar de Inquérito à resolução do Banif.
O antigo representante do Estado na instituição de setembro de 2014 até à resolução (e presidente desde então da Oitante, veículo financeiro que herdou os piores ativos do banco) referiu-se ainda à notícia da TVI que a 13 de dezembro (uma semana antes da resolução) que dava conta da possibilidade de fecho do banco, afirmando que a informação levou a uma "corrida massiva aos depósitos no dia seguinte, uma segunda-feira, e que só acalmou quando o primeiro-ministro garantiu, na quinta-feira seguinte, que os depósitos estavam garantidos.
Nessa semana o Banif perdeu perto de mil milhões de euros em depósitos.
Colapso do BES levou a imparidades de 80 milhões
Os "créditos cruzados" entre o grupo Banif e o grupo Espírito Santo (operações que pretendiam contornar regras impostas pelo Banco de Portugal, que proíbe os bancos de concederem créditos avultados aos próprios acionistas) valiam, em 2014, 119 milhões de euros.
O colapso do GES foi, considera Miguel Barbosa, "o facto mais negativo de 2014" para o Banif, juntamente com a carteira de imobiliário e o problema no Banif Brasil. O fim do banco liderado por Ricardo Salgado tornou esses 119 milhões de euros irrecuperáveis, e obrigou ao registo de imparidades no valor de 80 milhões.