
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, advertiu que os cortes errados nas despesas podem fazer a Europa entrar em recessão.
«Todos sabemos que a consolidação orçamental e as reformas estruturais são necessárias para estabilizar as nossas economias, mas sabemos também que a realização de cortes errados nas despesas pode simplesmente fazer a Europa entrar em recessão», afirmou Durão Barroso durante uma conferência na Universidade de Lisboa.
Para o presidente da CE, se a Europa quer emergir mais forte da conjuntura actual, tem «mais do que nunca» de «incentivar o crescimento económico inteligente», assente nas «forças motrizes do conhecimento e da inovação».
Esta é, defendeu, a «única forma de se construir uma economia mais sustentável» para o futuro.
Barroso sublinhou que a investigação e a inovação estão no cerne da Estratégia "Europa 2020", o plano europeu para o relançamento da economia nesta década.
«É agora que teremos de tomar as decisões correctas e aplicar as reformas necessárias para aumentar as nossas capacidades em matéria de educação, investigação e inovação», instou.
Durão Barroso lembrou a história e a tradição da Universidade de Lisboa, mas referiu que hoje em dia são os principais concorrentes estrangeiros que surgem à frente quanto ao investimento no Ensino Superior, colocando «muito mais jovens nas universidades».
O responsável da CE destacou que um em cada cinco jovens europeus não consegue encontrar trabalho e que o modelo social vigente depende da actual geração ser ou não financeiramente capaz de suportar o envelhecimento da população.
Os estabelecimentos de Ensino Superior têm aqui um papel fundamental, pois são «as únicas instituições capazes de satisfazer os três lados do triângulo: educação, investigação e inovação».
A Europa, frisou, precisa de «cérebros jovens». Até 2020, o objectivo da estratégia europeia é reduzir o abandono escolar precoce dos actuais 15 por centos para 10 por cento e aumentar o número de jovens europeus que concluíram com êxito o Ensino Superior de 31 por cento para pelo menos 40 por cento.
Para se atingir a excelência, Durão Barroso defende também a adequação dos programas às necessidades do mercado laboral. Recompensar a excelência no ensino, aumentar a flexibilidade nos programas de ensino, incentivar a mobilidade e facilitar a divulgação transnacional das ideias e das melhores práticas são outras propostas.
«Há que apoiar todas as medidas que possam contribuir para formar, atrair e conservar os melhores alunos, tanto da Europa, como dos países terceiros», afirmou.
Segundo Barroso, três milhões de estudantes terão beneficiado, em 2013, do programa Erasmus, que considera «um êxito» na ajuda à obtenção de qualificações que serão necessárias «aos postos de trabalho de amanhã».
Pediu por isso, mais esforços para promover a mobilidade e a cooperação, bem como a internacionalização do Ensino Superior. Para breve, anunciou uma proposta de abertura do Erasmus ao mestrado.
«Devem ser envidados mais esforços para reforçar os laços entre a educação, a investigação e a inovação», apelou.
«Investir hoje no capital intelectual é o melhor investimento que podemos fazer para a Europa do futuro», afirmou, considerando este aspeto «absolutamente fulcral».
Face à crise, Durão Barroso defendeu ser importante procurar mecanismos alternativos de financiamento do Ensino Superior.
Garantiu igualmente que a Comissão também está empenhada em promover o crescimento e o emprego, investindo nos cérebros europeus. «É por essa razão que propusemos, no âmbito do próximo programa-quadro financeiro, um investimento de 15,2 mil milhões de euros na educação e na formação profissional».
O investimento representa um aumento de 68 por cento deste tipo de despesas.
«Propomos igualmente dedicar 80 mil milhões de euros ao financiamento da investigação e da inovação, o que representa um aumento de 46 por cento» para o novo programa "Horizonte 2020", disse.