O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, vai apresentar hoje uma dupla estratégia para combater a crise, em ação concertada de compra de dívida da Espanha e Itália pelos fundos de resgate e pelo BCE.
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A proposta destina-se a fazer baixar a pressão dos juros sobre as obrigações espanholas e italianas nos mercados de capitais, e será apresentada hoje ao conselho de governadores do BCE na reunião semanal, em Frankfurt, mas só oficializada em meados de setembro, depois de consultas aos governos da zona euro, revelou na edição de hoje o jornal alemão Sueddeutsche Zeitung, sem indicar fontes.
Draghi afirmou na semana passada, em Londres, que o BCE «fará tudo o que for preciso» para proteger o euro, criando grandes expectativas quanto a novas intervenções do banco central nos mercados para combater a crise das dívidas soberanas.
O plano revelado pelo Sueddeutsche Zeitung incluiu a compra em pequena escala de dívida pública espanhola e italiana pelo futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). Por seu turno, o BCE adquirirá previamente dívida dos mesmos países já comercializada, nos mercados secundários, a fim de estabilizar os respetivos juros, antes dos leilões regulares.
O Sueddeutsche Zeitung adianta ainda que existe uma maioria favorável à proposta de Draghi no conselho de governadores do BCE, que já cmprou anteriormente dívida pública de países do euro mais vulneráveis, incluindo Portugal, no valor de 211 mil milhões de euros.
O programa de compra de dívida pública pelo BCE, no entanto, é controverso, e está suspenso desde a última primavera.
Sobretudo o Bundesbank, o banco central alemão, opõe-se a esta metodologia, alegando que a compra de dívida pelo BCE não compromete os países com medidas de austeridade, ao contrário do que sucede com os programas de ajuda financeira através dos fundos de resgate.