
Rafael Marchante/Reuters
A presidente do Conselho de Supervisores do BCE considera "uma boa notícia", que o Estado queira investir na Caixa Geral de Depósitos, uma vez "é sempre bom" haver maior liquidez.
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Danièle Nouy entende que é "normal" a capitalização com verbas estatais. "Se o banco for público e o dono dos ativos for o Estado, obviamente, quando o banco precisar de ser apoiado ao nível da liquidez, ela será requerida ao Estado. É a situação normal para um banco público", defendeu.
"Maior liquidez é sempre bom do ponto de vista dos supervisores. É sempre uma boa notícia a melhoria da situação dos bancos", afirmou a presidente do Conselho de Supervisores do BCE, durante a audição na comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu.
Danièle Nouy lembra que tal como para outras entidades semelhantes, também a capitalização da Caixa terá de respeitar regras, nomeadamente as da política de Concorrência europeia que, como se sabe, não permite "perturbações do mercado" através dos chamados "auxílios estatais".
"Os bancos públicos que requeiram liquidez adicional do Estado estão obrigados a demonstrar que são lucrativos e que esse seria o investimento normal de um proprietário normal de um banco e que não se trata de ajuda de Estado, o que não seria aceitável", afirmou, lembrando que está regra não é exclusiva para Portugal.
"Esta regra serve para Portugal, serve para um banco público na Alemanha ou noutros países. É sempre a mesma situação. Se um banco precisa de capital adicional, a direção-geral de Concorrência, na Comissão, assegurar-se-á que se trata de um investimento e não de ajuda de Estado", sublinhou.
A presidente do Conselho de Supervisores do BCE fora questionada diretamente pelo eurodeputado social-democrata, José Manuel Fernandes, sobre a capitalização da Caixa Geral de Depósitos.
O eurodeputado solicitou a Danièle Nouy que, na qualidade de responsável pela "supervisão dos maiores bancos europeus", dissesse "qual é a posição do Mecanismo Único de Supervisão" sobre a capitalização estatal da CGD. José Manuel Fernandes pediu ainda a Nouy que confirmasse "se são necessários os 4000 milhões de euros" e "como é possível que se tenha chegado a esta situação, com este montante", que considerou "extremamente elevado".