Compras de dívida aumentam 20 mil milhões por mês. BCE paga aos bancos para lhes emprestar dinheiro. Todas as taxas de juro descem, e Draghi não rejeita a hipótese de as reduzir ainda mais.
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O Banco Central Europeu (BCE) anunciou uma expansão do programa de compra de dívida lançado há um ano. O supervisor europeu decidiu aumentar de 60 mil milhões para 80 mil milhões de euros o montante mensal de dívida pública e privada, ultrapassando as expetativas dos analistas contactados pela TSF, que esperavam um aumento de 10 a 15 mil milhões.
O Banco Central Europeu decidiu ainda cortar todas as taxas de juro: a taxa de referência, que já estava no mínimo histórico de 0,05%, passa para uns inéditos 0%. A taxa de depósitos dos bancos da zona euro junto do BCE cai ainda mais: passa para -0,4%, num incentivo adicional para que os bancos transmitam liquidez à economia.
Para além disso, o BCE disponibiliza aos bancos europeus uma linha de refinanciamento a uma taxa de juro que no limite pode ir até aos tais 0,4% negativos. Esta linha serve para dar liquidez às instituições financeiras para que estas a canalizem para os empréstimos a empresas. O facto de a taxa ser negativa significa que os bancos que a usarem vão não só não pagar juros ao supervisor, como ainda vão receber ser recompensados por isso.
Outra alteração à "bomba atómica" de Mario Draghi é a inclusão de dívida corporativa na lista de ativos que o BCE está disponível para comprar.
Em conferência de imprensa o presidente do BCE justificou a decisão dizendo que "a procura interna deverá ser favorecida pelas nossas decisões, e pelo seu impacto positivo nas condições financeiras". O presidente do BCE acrescentou ainda que "o baixo preço do petróleo deve favorecer o rendimento das famílias e o consumo privado, assim como a rentabilidade das empresas e o investimento".
Draghi não rejeitou ainda a hipótese de fazer descer ainda mais as taxas de juro: "as taxas vão continuar muito baixas durante muito tempo, e com os dados de hoje não prevemos a necessidade de as baixar ainda mais. Mas, claro, novos factos poderão alterar esta situação", afirmou.
Numa reação às decisões do BCE, o analista do Banco BIG, João Lampreia, destaca "o reforço, acima do esperado, de 80 mil milhões de euros que já está acima do que a Reserva Federal Norte Americana fez (85 mil mihões de dolares)". O analista sublinha ainda "a abragência a nova classe de ativos", deste programa de compra.
Para João Lampreia, a nível nacional, as exportações e nos custos de financiamento (as taxas de juro, yelds), são quem mais beneficia destes estímulos.
Numa reação imediata ao anúncio do BCE, o Euro caiu, em poucos minutos, mais de 1,5%.
Também os juros da dívida caíram. A taxa média da dívida portuguesa a 10 anos no mercado secundário chegou a recuar quase 0,2 pontos percentuais.
O Quantitative Easing (QE), cuja tradução literal é "alívio quantitativo", pretende estimular a economia e aumentar a inflação.