BCE sabe que se continuar “com as taxas de juro altas poderá matar paciente pela cura”
À TSF, Filipe Grilo considera que “Lagarde surpreendeu-se com os dados económicos” da Europa
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A decisão do Banco Central Europeu (BCE) de reduzir as taxas de juro, anunciada esta quinta-feira pela presidente Christine Lagarde, é vista pelo professor Filipe Grilo como uma decisão que recusa “matar o paciente pela cura”.
Em declarações à TSF, o professor da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade do Porto considera que “Lagarde surpreendeu-se com os dados económicos” da Europa. “E então teve mais certezas de que a redução das taxas de juro é um bocadinho indicado para continuar a aliviar a pressão junto das famílias e empresas”, acrescenta.
O BCE decidiu reduzir as suas três taxas de juro diretoras em 0,25 potos percentuais, uma decisão que justifica com a avaliação que faz da desaceleração da inflação. Para o economista, a instituição sabe que se continuar “com as taxas de juro altas poderá matar o paciente não pela doença, mas sim pela cura”.
Filipo Grilo sublinha que as famílias vão começar a sentir um alívio nos empréstimos à habitação. Ainda assim, alerta para os “riscos da inflação voltar a aparecer”, nomeadamente com a subida do petróleo, e garante que as famílias vão estar longe dos níveis que pagavam antes da pandemia.
O Conselho do BCE não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específicas, mas promete continuar a seguir uma abordagem dependente dos dados económicos