O BCP conseguiu, após o recente reforço de capital, afastar de vez a possibilidade de ser nacionalizado, já que vai antecipar o reembolso do capital injetado pelo Estado no banco, realçou hoje o administrador financeiro, Miguel Bragança.
Corpo do artigo
«O banco é mais dono do seu próprio destino. Eliminámos a hipótese de o banco ser nacionalizado», afirmou aos jornalistas o responsável, à margem da sessão especial que marcou a admissão à cotação das ações do aumento de capital social do BCP.
Esta foi a maior colocação de capital jamais feita ao longo dos 250 anos da bolsa portuguesa, tendo ascendido a cerca de 2,25 mil milhões de euros, que foram totalmente subscritos e com a procura a ultrapassar a oferta de títulos disponível.
«Temos de agradecer aos mais de 170 mil acionistas que confiaram em nós, numa operação feita com elementos adversos», vincou Miguel Bragança, numa clara alusão à forte volatilidade que o mercado acionista português, especialmente, o setor financeiro, tem vivido nos últimos tempos devido aos problemas no Grupo Espírito Santo (GES).
Questionado sobre se esta questão prejudicou a operação de aumento de capital do BCP, o responsável disse que, na sua perspetiva, apenas «a evolução da ação e dos direitos no mercado é que podia correr melhor».
Miguel Bragança confirmou que a 'fatia de leão' do capital arrecadado nesta operação vai ser destinado ao reembolso de grande parte dos instrumentos de capital híbrido (CoCo) subscritos pelo Estado, num montante de 1.850 milhões de euros.
Em junho de 2012, o Estado português subscreveu 3 mil milhões de euros de 'CoCo' do BCP. Em maio último, o banco liderado por Nuno Amado reembolsou 400 milhões de euros e, com a entrega destes 1.850 milhões de euros, ficam por reembolsar 750 milhões de euros, o que o banco tenciona fazer até ao início de 2016.
Ainda sobre o dinheiro captado na operação de aumento de capital, Miguel Bragança frisou que os restantes 400 milhões de euros (do 'bolo' total de 2,25 mil milhões de euros) vão servir para reforçar os rácios de capital do BCP, que apresenta os seus resultados semestrais na próxima segunda-feira, após o fecho do mercado.