O Banco de Portugal (BdP) diz que não há risco de se registar uma crise de crédito ('credit crunch'), apesar das restrições no financiamento à economia pelos bancos a operar em Portugal.
Corpo do artigo
«Importa realçar que a evolução dos agregados de crédito é consistente com o expectável no atual enquadramento económico recessivo, ou seja, a evidência disponível aponta para a ausência de restrições excessivas ou abruptas na oferta de crédito (fenómeno geralmente descrito como 'credit crunch')», refere o documento hoje divulgado pela instituição liderada por Carlos Costa.
O BdP disse hoje que, no primeiro semestre deste ano, «a carteira de crédito a clientes em base consolidada registou uma variação negativa no primeiro semestre de 2011» o que segundo a instituição reflecte vendas de créditos pelos bancos, sobretudo «vendas da carteira doméstica de crédito a empresas (essencialmente vendas de papel comercial) e da carteira de crédito das filiais e sucursais estrangeiras».
A venda de carteira de créditos é, aliás, a solução defendida pelo supervisor bancário para reduzir a alavancagem dos bancos, de modo a que uma restrição mais severa dos empréstimos não provoque falta de financiamento da economia portuguesa.
Já se fosse descontado a venda dos créditos, o Banco de Portugal afirma que «ter-se-ia observado uma relativa estabilização do 'stock' de crédito».
A instituição disse ainda que, em termos setoriais, houve uma «redução gradual» dos empréstimos ao setor privado, em especial dos empréstimos a particulares.
Para o futuro, o BdP espera que com a aceleração da queda da procura interna e do rendimento é «expectável um abrandamento da procura de crédito, sobretudo pela parte dos particulares» assim como um «forte movimento de reafetação do crédito entre empresas e sectores de actividade».