O governador do Banco de Portugal pediu aos portugueses para recorrerem ao crédito de «forma mais responsável», num momento em que os bancos estão a ser mais exigentes na avaliação do risco dos empréstimos concedidos.
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«Temos de poupar mais, investir melhor e usar o crédito de forma mais responsável», disse Carlos Costa em modo de conclusão do seu discurso na conferência organizada hoje pela Antena 1 e pelo Jornal de Negócios, em Lisboa.
O tema do crédito bancário já tinha sido falado nesta conferência tanto pelo presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, como pelo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), José de Matos.
Enquanto o presidente do BPI frisou que o acesso ao crédito «não é um direito», uma vez que o principal dever dos bancos é proteger os depositantes, já José de Matos garantiu que Portugal «não vive um 'credit crunch' [escassez de crédito]», apesar dos problemas de falta de liquidez da economia portuguesa e de financiamento às empresas hoje detectados pelo ministro da Economia e do Emprego, Santos Pereira, no mesmo evento.
Quanto ao responsável pelo supervisor bancário - num discurso em que enfatizou que, por bem sucedido que seja o programa de ajustamento, mesmo depois de 2014 Portugal deve continuar a ter «disciplina financeira» para merecer a confiança dos mercados -, Carlos Costa considerou que a redução dos níveis de consumo privado é «incontornável» para repor a «sustentabilidade» das famílias.
Também as empresas devem «fazer um processo de desalavancagem», acrescentou, pedindo que estas recorram ao «crédito nos mercados externos».
Sobre o sistema bancário, o governador voltou a insistir que é «muito importante» a recapitalização das instituições, ainda que reconhecendo que é «difícil num contexto de baixo crescimento económico».