Era o cenário mais equilibrado "entre os prós e os contras" diz o sócio da consultora Oliver Wyman que, ao mesmo tempo, assessorou a venda e preparou a resolução, "sem conflito de interesses",diz.
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Ouvido, pela Comissão Parlamentar de Inquérito ao BANIF, Rodrigo Pinto Ribeiro, sócio da consultora Oliver Wyman, rejeita qualquer conflito de interesse pelo facto de de ter trabalhado, ao mesmo tempo, para o Governo e para o Banco de Portugal.
A crítica tinha sido feita por Jorge Tomé, antigo administrador do BANIF, que ao prestar depoimento perante os deputados tinha questionado: "Como pode uma entidade ter isenção no processo de capitalização e, em particular, no plano de reestruturação quando, na pendência desse contrato, é contratada pelo Banco de Portugal para assistir na resolução?".
Mas, a Oliver Wyman garante que "em nenhum momento houve alusão a qualquer tipo de conflito de interesses", e que tanto o Banco de Portugal como o Ministério das Finanças sabiam da dupla atividade da consultora, em relação ao BANIF, desde 2012.
Rodrigo Pinto Ribeiro explicou que, junto do governo, o papel da consultora era antecipar eventuais críticas da Direção Geral da Concorrência (DG Comp), aos planos para recapitalizar os bancos nacionais, entre eles, o BANIF.
Foi nessas reuniões que a consultora constatou a visão muito crítica da DG Comp em relação ao BANIF, a quem sempre exigiu "uma reestruturação muito profunda".
Rodrigo Pinto Ribeiro sublinha que, no momento da decisão sobre o corte a realizar nos ativos do banco que, não tendo sido comprados pelo Santander Totta, transitaram para a Oitante, as autoridades portuguesas (BdP e Governo) defenderam um desconto máximo de 46%, em vez dos 66% que terá sido "imposta" por Bruxelas.
"Do lado da Concorrência, a restrição que era posta em cima da mesa era a necessidade de ter um valor suficientemente conservador para não haver risco de não haver uma ajuda de Estado encapotada nessa transferência", disse.
Resolução era plano B do BdP
Pinto Ribeiro adiantou ainda que a resolução com venda de ativos e passivos do BANIF era considerada pelo Banco de Portugal (BdP), como a medida mais acertada para o banco, caso a DG Comp chumbasse o plano de reestruturação do banco.
"Parecia o modelo com maior equilíbrio entre os prós e os contra" entre os cenários avaliados pela consultora, a pedido do BdP.
"Para esse cenário, tínhamos um plano de ação para a sua execução. Mas eram cenários de contingência, porque o plano A era a aprovação do plano de reestruturação", disse o sócio da Oliver Wyman.
Pelos números adiantados por Rodrigo Pinto Ribeiro, "a nacionalização teria um custo entre 2,7 mil milhões de euros e 4,2 mil milhões de euros, a resolução com venda de ativos e passivos entre 2,8 mil milhões de euros e 4,3 mil milhões de euros, a resolução com criação de banco de transição entre 3 mil milhões de euros e 4,3 mil milhões de euros, e a liquidação entre 5,3 mil milhões de euros e 5,7 mil milhões de euros".
Ligação ao Santander
Questionado pelo PSD, o sócio da consultora não quis clarificar se conta ou contou com o Santander, entre os clientes. Rodrigo Pinto Ribeiro disse apenas que "nunca assessorou o Santander nem o Popular nem qualquer outro investidor" em relação ao Banif.
Adiante na audição, o PCP ironizou que basta uma consulta ao Google para confirmar que a Oliver Wyman trabalhou também para o Santander.