O coordenador do BE insistiu, esta quinta-feira, na necessidade de reestruturar a dívida do Estado, considerando que Portugal nada tem a ganhar se a direita chegar ao poder.
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Nas primeiras eleições em que o BE se assume claramente como parte de um projecto de governo de esquerda, Francisco Louçã insiste na necessidade de as eleições de Junho serem um referendo às medidas dos partidos do "arco da governação".
«A certeza de impostos mais altos e que podem continuar a subir, a certeza do congelamento de pensões que continuarão a descer e a certeza do congelamento das salários que continuarão a perder poder de comprar por cada mês que passa», afirmou.
«Pessoas trabalhadoras e reformados mais pobres. Essa é a certeza que nos dá o programa apresentado pela "troika" e assumido pelo PS, PSD e CDS», acrescentou, na apresentação do programa eleitoral do BE, que tem como lema "Mudar o futuro".
O coordenador do Bloco pede um abanão, um novo 25 de Abril, convicto de que a maioria deve rejeitar a ajuda externa e exigir que a dívida seja reestruturada.
Bruxelas não deixará cair os credores e Portugal, acredita Francisco Louçã, ficará com maior margem de manobra para vencer uma crise de que ainda não se conhece o preço certo.
«Não há ninguém que vá a um restaurante e pague a conta sem deitar o olho à factura», exemplificou o bloquista, para quem Portugal não terá saída se caminhar de empréstimo em empréstimo.
Louçã comparou a situação do país com a de uma pessoa com «dificuldade em pagar um juro elevado» e a quem o banco recomenda que «vá a uma instituição de crédito ao consumo pedir um juro de 20 por cento para pagar um juro de dez».
Quanto aos sondagens para as legislativas, onde o Bloco perde terreno, Francisco Louçã afirmou que nas situações difíceis se pode esperar um milagre.