O Presidente da República escusou-se hoje a relevar que informações obteve nas suas reuniões com Ricardo Salgado. Também Pedro Passos Coelho não comentou as declarações feitas, esta terça-feira, pelo ex- presidente do BES e por José Maria Ricciardi na comissão parlamentar de inquérito.
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Questionado pelos jornalistas, Cavaco Silva escusou-se a revelar detalhes sobre os encontros que teria tido com Ricardo Salgado referindo que «as matérias tratadas nas audiências com o Presidente da República são reservadas e nunca revelei aquilo que se passa nas reuniões, quer com políticos, quer com sindicalistas, quer com cientistas, quer com empresários. Fazem parte da informação que compete ao Presidente recolher sobre a situação do país».
Apesar de não revelar o conteúdo das audiências com Ricardo Salgado,o Presidente da República contestou que tenha influenciado, com afirmações proferidas na Coreia do Sul, em junho passado, a compra de ações do BES, referindo que falou um mês depois do aumento de capital do banco.
«Surpreende-me muito aquilo que alguns meios de comunicação portugueses têm dito em relação àquilo que eu afirmei, com base nas informações que tinha na altura, na Coreia do Sul, porque essas declarações tiveram lugar mais de um mês depois de ter ocorrido o aumento de capital por parte do BES, isto é, mais de um mês depois de os cidadãos terem subscrito, comprado ações do BES».
Depois de questionado sobre as informações com base nas quais falou, na altura, da situação do BES, o chefe de Estado português respondeu: «alguns dos senhores jornalistas escreveram que eu tinha influenciado as decisões dessas pessoas, que tinham ocorrido há muito mais de um mês».
O chefe de Estado português fez estas afirmações numa conferência de imprensa no final da XXIV Cimeira Ibero-Americana, na cidade mexicana de Veracruz, a propósito das declarações feitas hoje por Ricardo Salgado na comissão de inquérito, no parlamento, em Lisboa, sobre a gestão do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo.
Também o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, voltou a defender que o Estado atuou corretamente na resolução do Banco Espírito Santo (BES) e recusou comentar os depoimentos feitos na comissão parlamentar de inquérito.
«Houve uma decisão atempada do Banco de Portugal, que contou com todo o apoio do Governo. Estou convencido, desde essa altura, que foi a melhor decisão para o país. Mas não farei nenhum comentário em concreto, muito menos a partir daqui, sobre afirmações que possam ser feitas por quem vai depor à comissão de inquérito», declarou Passos Coelho, em conferência de imprensa, no final da XXIV Cimeira Ibero-Americana.
Perante a insistência dos jornalistas, que lhe perguntaram se o aconteceu ao BES foi uma decisão política e em que medida procurou ou dispensou informação sobre o caso, Passos Coelho referiu que «teria certamente muito para responder» sobre este tema, mas não abordou diretamente essas questões.
«O que se passou será apurado, com certeza, em sede de comissão de inquérito, e estou convencido de que o Estado procedeu corretamente em matéria de resolução do BES», limitou-se a responder Passos Coelho.