BES: Ex-administrador confirma que BES Vida comprou ativos a Luís Filipe Vieira
Joaquim Goes, antigo administrador-executivo do Banco Espírito Santo, responsável pelo departamento de crédito, garante que os problemas que aconteceram não foram no BES, mas sim no Grupo Espírito Santo. Na sessão da tarde falou-se de Luís Filipe Vieira.
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E porque os problemas aconteceram no GES, Joaquim Goes justifica, assim, o facto de desconhecer a maior parte das irregularidades detetadas.
O antigo administrador adiantou que os sistemas de controlo interno não são infalíveis. Mas, neste caso, diz que o departamento de risco cumpriu os procedimentos.
Aquele que chegou a ser apontado como um possível sucessor de Ricardo Salgado disse na Comissão Parlamentar que nunca detetou nada de errado e que não sabia de operações "pouco claras" do BES, desconhecendo a exposição do BES ao GES e que não tinha nenhuma ligação ao Grupo.
Joaquim Goes representava o BES na PT.Mas afirma que não tinha como se aperceber de algum problema na relação entre a Portugal Telecom e o Grupo Espírito Santo. Aos deputados, Joaquim Goes garantiu que não conhecia a transferência dos 900 milhões de euros da Rio Forte para a PT.
Em relação ao BESAngola, Goes também desconhecia os destinatários finais do crédito, dizendo que fazia boa fé no supervisor angolano e, mais uma vez, nas conclusões das auditorias.
«Nós considerámos que Angola tinha que ser alvo de uma política especial. Daí, ter-se enviado uma equipa de gestão nova, com um plano de negócios diferentes», afirmou. «A alteração estrutural no rácio de créditos sobre depósitos não acontece em pouco tempo. E o aumento da rede de balcões também não se faz num ou em dois anos», sublinhou Joaquim Goes.
Goes foi questionado sobre a responsabilidade direta de Ricardo Salgado na atribuição de crédito, tendo afirmado, do que sabe, nenhum crédito passava exclusivamente pela decisão única de Ricardo Salgado.
Já da parte de tarde, Joaquim Goes confirmou que a empresa do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, é cliente do banco.
Goes confirmou que alguns dos activos imobiliários da Promovalor foram adquiridos pela BES Vida e que isso fazia parte de uma política de «diversificação dos investimentos» da carteira de clientes.
O antigo administrador do BES foi questionado pela deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua sobre as notícias, que davam conta que a dívida de 600 milhões de euros de Luís Filipe Vieira foi reestruturada para evitar que o dirigente entrasse na lista dos maiores devedores da banca nacional.