O ex-ministro José Luís Arnaut e o 'partner' do Goldman Sachs António Esteves estiveram envolvidos no empréstimo superior a 706 milhões de euros do banco norte-americano ao BES, noticia hoje o Wall Street Journal.
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Segundo uma notícia publicada hoje na edição on-line do jornal norte-americano [reservada a assinantes] que cita fontes ligadas ao processo, o empréstimo de cerca de 706,5 milhões de euros do Goldman Sachs ao BES (a um mês do colapso do banco) «resultou de um esforço concertado» e de «vários meses» envolvendo vários dos mais altos membros da instituição financeira, entre eles José Luís Arnaut e António Esteves.
O empréstimo que está agora sob análise do Banco de Portugal, que está a tentar desbravar a rede de acordos e ligações do BES na altura do seu colapso, foi aprovado por pelo menos três comités do Goldman Sachs, «compostos por altos executivos do banco» e que foram «designados para avaliar rigorosamente as transações e o potencial para prejudicar a reputação do banco».
O jornal norte-americano escreve que José Luís Arnaut, antigo ministro de Durão Barroso e de Santana Lopes (PSD), e que desde janeiro de 2014 faz parte do conselho consultivo internacional do banco norte-americano, «manteve contactos com o presidente executivo do BES, Ricardo Salgado, oferecendo a ajuda do Goldman Sachs para angariar dinheiro» para o banco português.
Por outro lado, acrescenta o WSJ, António Esteves, na Goldman Sachs em Londres, «ajudou a montar uma equipa nos departamentos de instrumentos financeiros para criar uma estrutura complicada para arranjar o empréstimo». Segundo o WSJ, António Esteves era conhecido dentro do banco norte-americano «como o vendedor com as ligações mais fortes aos bancos e às empresas públicas na Península Ibérica».
O jornal junta ainda os nomes de Michael Sherwood e de Richard Gnodde, responsáveis do Goldman Sachs em Londres, ao caso, afirmando que conheciam o negócio entre os dois bancos.
Segundo o Wall Street Journal, o financiamento foi concedido através de um veículo financeiro do Luxemburgo, criado para financiar a construção de uma refinaria chinesa na Venezuela: a Oak Finance.
Na semana passada, o BES anunciou que foi notificado da decisão tomada pelo Banco de Portugal (a 22 de dezembro) de não transferir para o Novo Banco o empréstimo superior a 706 milhões de euros, contraído junto do banco Goldman Sachs através de uma sociedade luxemburguesa.
De acordo com a deliberação do Banco de Portugal, «a responsabilidade do BES perante a Oak Finance emergente do referido contrato de financiamento não foi transferida para o Novo Banco, com fundamento na convicção por parte do Banco de Portugal de que a Oak Finance atuou, na concessão do financiamento, por conta do Goldman Sachs International».
No passado dia 26 de dezembro, o Goldman Sachs contestou a decisão tomada nessa semana pelo Banco de Portugal acerca da não transferência da responsabilidade contraída pelo BES perante a Oak Finance Luxembourg e ameaçou recorrer aos tribunais para contrariá-la.
Em causa está a deliberação da entidade liderada por Carlos Costa de não transferir «a responsabilidade contraída pelo BES perante a Oak Finance Luxembourg», anunciada a 23 de dezembro que tem um impacto positivo em reservas no Novo Banco de 548,3 milhões de euros.