O presidente do Banco BPI, Fernando Ulrich, criticou hoje veementemente, no parlamento, a solução adotada para intervir no BES, considerando que é «imprudente» e que compromete a estabilidade do sistema financeiro português.
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O presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, disse acreditar que a medida de resolução aplicada ao BES foi «imposta» pelo Governo, o que contraria as palavras do executivo.
«A medida de resolução, que eu penso, foi imposta pelo Governo, protegeu os contribuintes e os credores seniores do BES», declarou Ulrich na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).
«Estão a jogar à roleta com a estabilidade do sistema financeiro português», disse também o gestor, realçando que o modelo de resolução adotado «nunca foi adotado em lado nenhum» para uma entidade da dimensão do Banco Espírito Santo (BES).
Mesmo reconhecendo que a resolução aplicada ao BES «é a solução que melhor protege os contribuintes», apesar da exposição que têm na qualidade de acionistas do banco público, a Caixa Geral de Depósitos (CGD), Ulrich insistiu que «a solução foi imprudente da forma como foi construída».
O responsável considerou injusto que tenham que ser os bancos que eram concorrentes do BES a pagar o seu colapso, através do Fundo de Resolução. E ilustrou: «Acha normal que o PS vá à falência e as dívidas do PS sejam pagas pelo PSD, pelo BE e pelo PCP».
Ulrich, que respondia às questões colocadas por Clara Marques Mendes, deputada do PSD, defendeu que a medida de resolução «devia ter sido balanceada com outras componentes».
Insistindo que, na sua opinião, a resolução «não foi a melhor solução» e que «a solução podia ter uma componente de resolução como foi feita, mas não a única», o presidente do BPI disse que quanto mais tempo passa, mais convencido está desta ideia.
«Recuso em absoluto que era a única solução. Sobretudo, porque houve muito tempo. O fim de semana de 3 de agosto tem 48 horas, mas quem disse aqui como eu disse que provavelmente nos finais de 2013 já não havia soluções boas [para o Grupo Espírito Santo] e que a situação vem pelo menos de 2011 e, no caso do BESA [BES Angola] desde 2009, não aceito a tese que não havia outra maneira e que tinha que ser assim», vincou.