BES foi um dos principais responsáveis por prejuízos de 519 milhões de euros na CGD
As informações em falta no relatório da EY marcaram comissão de inquérito desta terça-feira. Mas mesmo que tivessem tido acesso a mais dados as conclusões "globais" não mudariam, asssegura a consultora.
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O BES foi um dos principais responsáveis pelos maus resultados da CGD em 2014 e 2015 identificados na auditoria da EY.
No relatório são imputadas responsabilidades a um "grupo financeiro nacional" entre os vários fatores que contribuíram para "prejuízos no montante de 519 milhões de euros" em 2014 e 2015 - 348 milhões de euros em 2014 e 171,5 milhões em 2015, mas esta instituição não é nomeada.
Questionada pela deputada do CDS Cecília Meireles sobre se este grupo é o antigo Banco Espírito Santo, a representante da EY na Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da CGD e à Gestão do Banco, Florbela Lima, confirma que sim.
"Os resultados foram influenciados negativamente com imparidades sobre um Grupo financeiro nacional, pelos custos de reestruturação em Espanha e Portugal e pelo desfasamento entre o crescimento económico e a capacidade de recuperação do crédito vencido", pode ler-se no relatório.
No que toca a exposições de crédito, os deputados não vão conseguir ter uma "análise da posição total desse devedor, apenas a informação relativa a determinada operação", referiu Florbela Lima.
A mesma admite ser "possível", ainda que "difícil", que existam devedores não identificados pela auditoria. "Possível é. Acho que será difícil pelo menos não termos identificado os devedores onde existem maiores perdas", respondeu, depois de questionada pela deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua.
60 empréstimos sem informação
A propósito da informação em falta na auditoria - a EY detetou 60 empréstimos da CGD que não tem qualquer informação sobre o processo de concessão - o deputado do PCP Paulo Sá questiona porque é que a EY não conseguiu ter acesso a estas informações.
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Noutros casos, a informação simplesmente "não foi localizada", apesar de a consultora ter tentado averiguá-la, "na medida do possível". Há casos de operações muito antigas, em que nem sequer há um arquivo digitalizado do processo, noutras a informação está incompleta, explica.
Em resposta a Paulo Sá, Florbela Lima afasta o cenário de os dados terem sido apagados ou escondidos e nega que tenha sido de alguma forma condicionada por alguém associado ao banco na seleção da amostra dos grandes créditos.
"Fizemos todos os esforços para tentar localizar a informação (...) tivemos de chegar a uma altura em que tivemos de fechar o trabalho", reiterou, já em resposta ao deputado do PS Carlos Ferreira.
Já na última ronda de perguntas, Florbela Lima garantiu que apesar das informações em falta, as conclusões "globais" da auditoria não seriam alteradas, mesmo que a consultora tivesse acesso a mais dados.
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