BES: KPMG Portugal alertou para problemas e «extravasou» a normal atividade de auditoria
O presidente da KPMG Portugal, Sikander Sattar, disse hoje que não só a empresa cumpriu os regulamentos quanto ao Banco Espírito Santo, como foi além do que estava obrigado nos alertas à supervisão.
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Sikander Sattar, líder da KPMG Portugal, que auditou as contas do Banco Espírito Santo (BES) nos últimos anos, está a ser ouvido esta tarde na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES.
Numa longa intervenção inicial, o responsável apresentou uma série de dados em forma de cronologia, dando conta das várias ações que foram sendo tomadas pela KPMG Portugal no âmbito das suas competências, na qualidade de auditor externo do BES.
«Este trabalho extravasou em muito o que é por regra o normal trabalho de revisão limitada, mas foi prosseguido na exacta medida em que a KPMG Portugal se defrontou com operações atípicas e complexas. Quando se pergunta, por vezes, onde andaram os auditores, penso que fica demonstrado que o auditor externo do BES, a KPMG Portugal, andou a analisar, a detetar, a identificar, a verificar, a quantificar e a recomendar em cima dos acontecimentos para que os efeitos dos atos fossem devidamente refletidos nas contas», afirmou.
Sikander Sattar explicou ainda aos deputados que pela análise anterior das contas do BES não havia sinal de risco direto. Apenas no segundo semestre de 2013, quando as regras mudaram e passou a haver um limite de 20 por cento para os fundos de investimento, é que se registou a situação de contágio do grupo ao BES.
«Há um reembolso desses títulos e há emissão de novos títulos que foram parar aos clientes do banco através da rede de balcões. Isso é que criou efetivamente uma exposição que acabou por contagiar o BES. Os alertas estavam lançados. Não cabe à KPMG proibir que uma instituição deixe de colocar papel comercial através da rede de balcões», disse, sem identificar responsabilidades.
«Se já havia um alerta quem tinha essa responsabilidade é que tinha de atuar, não era a KPMG», sublinhou.