Fernando Negrão, presidente da Comissão de Inquérito ao caso BES, teve a necessidade de interromper hoje a audição de João Moreira Rato para o alertar de que podia incorrer na prática do crime de desobediência qualificada.
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O aviso de Fernando Negrão surgiu na sequência de uma série de resposta evasivas e de "não respostas" aos deputados de todos os grupos parlamentares. Negrão insistiu para que João Moreira Rato fosse mais esclarecedor nas respostas.
«A omissão a uma resposta pode configurar a prática de um crime de desobediência», disse Negrão a Moreira Rato, quando este respondia a perguntas da deputada do PS Ana Paula Vitorino, embora sendo evasivo.
O ex-administrador estava a ser questionado sobre as abordagens que teve para integrar o BES, insistindo que foi convidado por Vítor Bento mas com Ana Paula Vitorino a querer saber se houve outro tipo de contactos.
Após o alerta do presidente da comissão, que pediu respostas «assertivas» a Moreira Rato, o ex-presidente do IGCP acabaria por revelar que o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e o Crédit Agricole, acionista francês do BES, terão abordado a sua entrada na administração do banco.
Moreira Rato está a ser ouvido desde cerca das 16:20 no parlamento, mas a sua audição não está a agradar a diversos parlamentares, com a bancada do PS a ser particularmente dinâmica.
«Não está a responder a praticamente nada e está a dizer menos do que as atas. Isso não leva ao esclarecimento», vincou Ana Paula Vitorino.