A agência de 'rating' Moody's considera que os problemas que estão a afetar o BES abalam os progressos que se estavam a fazer na melhoria da confiança no setor bancário e a capacidade dos outros bancos se financiarem.
Corpo do artigo
Em comunicado hoje divulgado, a empresa de notação financeira desvaloriza o impacto da situação do Grupo Espírito Santo na nota soberana de Portugal, mas diz que, apesar de a situação ser específica do BES, põe em causa a melhoria crescente que se sentia na «confiança no sector bancário em Portugal», assim como na capacidade dos outros bancos portugueses se financiarem, pelo menos enquanto esta questão agitar os mercados.
A Moody's lembra que isto acontece quando os bancos portugueses, que ganharam acesso aos mercados no início deste ano, podem precisar de aumentar capital na sequência da avaliação de ativos e testes de 'stress' que o Banco Central Europeu está a levar a cabo, apesar de terem reduzido eventuais necessidades de fundos com reduções de balanço e aumento dos depósitos.
A agência de 'rating' avalia também o impacto da situação do Grupo Espírito Santo e especialmente da 'holding' de topo Espírito Santo International (ESI) sobre a Portugal Telecom (PT), considerando que pode ter consequências negativas na nota de crédito da operadora, que detém 10% do BES.
Recentemente, a PT investiu 897 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo, numa operação que gerou polémica e terá levado à demissão de dois administradores não executivos da brasileira Oi, em processo de fusão com a operadora portugesa.
A PT, que tem ainda 128 milhões de euros em depósitos no BES, deverá ser reembolsada desse investimento esta semana: 847 milhões na terça-feira e 50 milhões na quinta-feira.
A Moody's considera ainda que o efeito de uma eventual falência da Rioforte nos obrigacionistas da PT é "diminuto", tendo em conta que a dívida está garantida pela brasileira Oi.
Já quanto à fusão em curso entre a PT e a Oi, considera que um incumprimento da Rioforte poderá levar os acionistas a quererem alterar os termos já acordados da operação.
Por fim, a Moody's considera «improvável» que a situação do Grupo Espírito Santo comprometa a nota soberana de Portugal (Ba2, podendo ser revista em alta) e repete que cresceu a probabilidade de o Governo português e de o Banco de Portugal intervirem no banco para garantir a sua viabilidade.