O Bloco de Esquerda espera solidariedade para tentar minimizar os efeitos dos despedimentos no BPN após a venda ao BIC Angola. O PS admite que a rapidez desta venda prejudicou o Estado, ao passo que o PCP quer mais esclarecimentos sobre este negócio.
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O deputado João Semedo espera solidariedade dos bancários para que se evite males maiores no caso BPN, cuja venda ao BIC Angola vai provocar o despedimento de cerca de 700 pessoas.
«Mas há seguramente uma solução que é a parte desses trabalhadores que agora perderão o seu posto de trabalho poderem ser reabsorvidos pela Caixa Geral de Depósitos e outras instituições públicas que necessitem da sua experiência e competência», acrescentou.
Ouvido pela TSF, João Semedo explicou ainda que a «se a «troika exigia que o Estado vendesse o banco ao desbarato então a troika que o tivesse comprado», algo que se «deve dizer com alguma ironia».
«É incompreensível por uma razão de calendário. A pressa é de facto má conselheira e este negócio foi ruinoso porque o Estado negociou numa situação desvantajosa», acrescentou este deputado do Bloco de Esquerda.
Por seu lado, o socialista Ricardo Rodrigues admitiu que «vender sob pressão e com timings marcados é sempre mau» e que «temos de ser conscienciosos e achar que neste caso o preço pode baixar consideravelmente».
«Não conheço os pormenores em concreto dessa venda e compra, mas à partida sabendo que havia um prazo para se negociar parece-me que pode prejudicar consideravelmente a capacidade negocial do Estado e o Estado nunca deve negociar sob pressão», sublinhou.
Ricardo Rodrigues, que chamou ainda à atenção para os custos desta venda para o Estado por causa das indemnizações a pagar que ainda são desconhecidas, lembrou ainda que este é um «aviso para o programa de privatizações do Governo de que a pressa é inimiga de um bom negócio para o Estado».
«O PS entende que a prioridade está no emprego e se o próprio Estado dá o exemplo do despedimento então esse caso como outros, como o primeiro-ministro anunciou último no debate quinzenal de que alguns empregos na área indirecta do Estado iriam ceder, parece-nos preocupante», acrescentou.
Por seu lado, Rui Fernandes, da Comissão Política do PCP, quer esclarecimentos «sobre todos os contornos do negócio efectuado, incluindo quanto mais o Estado terá de injectar no BPN».
«Torne claro quantos milhões de euros foram efectivamente ao longo destes anos injectados no BPN e quanto mais irá ser injectado tendo em conta as sociedades públicas entretanto criadas que ficaram com os prejuízos», acrescentou.
Rui Fernandes pretende ainda que fica esclarecido «quais os custos que o Estado terá de suportar com o despedimento dos trabalhadores e o que pretende fazer a esses mesmos trabalhadores e para onde foram os milhões entretanto transferidos do Orçamento de Estado ao longo dos anos para o BPN».