Bloqueio parlamentar à redução do IRS? Ministro da Economia diz que não seria bem recebido
“Se há uma baixa de impostos, vai ficar mais dinheiro disponível no bolso dos trabalhadores para os trabalhadores fazerem com isso o que quiserem e poderem consumir mais”, refere Manuel Castro Almeida
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O ministro da Economia admitiu esta sexta-feira que a redução do IRS proposta pelo Governo poderá avançar ainda este ano, considerando que uma eventual oposição parlamentar à medida “não iria ser bem recebida pelos portugueses”.
“Seria muito estranho ver partidos travarem uma descida de impostos sobre os rendimentos dos trabalhadores”, afirmou Manuel Castro Almeida, à margem da cerimónia de inauguração do novo bloco logístico da Mercadona, em Almeirim, no distrito de Santarém.
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“Os portugueses iriam estranhar imenso uma reação dessas”, acrescentou o ministro da Economia e da Coesão Territorial, sublinhando que o objetivo do Governo é colocar mais rendimento disponível nas mãos dos trabalhadores, de forma a estimular o consumo.
“Se há uma baixa de impostos, vai ficar mais dinheiro disponível no bolso dos trabalhadores para os trabalhadores fazerem com isso o que quiserem e poderem consumir mais”, referiu.
O governante defendeu ainda que a medida deve ser concretizada "o quanto antes".
“Se vai haver baixa de impostos, que seja o quanto antes. Quanto mais cedo, melhor. A ideia é que seja ainda este ano”, disse.
O diploma deu entrada no Parlamento na quarta-feira e prevê uma redução adicional no IRS de 500 milhões de euros este ano de 0,5 pontos percentuais entre o primeiro e terceiro escalões, 0,6 pontos percentuais entre o quarto e sexto e 0,4 pontos percentuais no sétimo e oitavo.
Entretanto, o Parlamento aprovou esta sexta-feira o pedido de urgência do Governo para apreciação da proposta de lei do Governo sobre IRS, apenas com a abstenção do PCP.
Durante a cerimónia de inauguração do novo bloco logístico da Mercadona, o governante destacou a relevância do investimento estrangeiro realizado na região e o seu impacto positivo na criação de postos de trabalho bem remunerados.
“É um investimento que aposta em Portugal, com inovação, aumento da competitividade e da produtividade. Isso é essencial para aumentar os salários”, frisou.
Castro Almeida realçou também que os salários praticados na Mercadona são “substancialmente superiores ao salário mínimo nacional”, o que considerou ser um “fator muito positivo”.
Apontando o lucro como motor do investimento e do crescimento económico, o ministro defendeu ainda que Portugal deve criar condições para “mais investimento e reinvestimento” e considerou que um sistema económico competitivo pode permitir pagar salários “ao nível do que se paga no estrangeiro”.
O ministro da Coesão Territorial reiterou ainda o compromisso do Governo com a desburocratização e defendeu mudanças legislativas para acelerar os processos administrativos.
“Queremos uma guerra à burocracia. Quando a lei atrapalha, a solução é alterá-la”, afirmou, adiantando que o Governo está a preparar mudanças no regime de licenciamento industrial.