O impacto negativo do 'Brexit' para a economia europeia, pode ser evitado se Londres e Bruxelas avançarem medidas e "reduzirem as incertezas", defendeu hoje o comissário Pierre Moscovici.
Corpo do artigo
O responsável salientou que uma maior clarificação dos passos que Londres vai dar para sair da União Europeia (UE), assim como "um incentivo ao investimento, a reformas estruturais e a políticas fiscais inteligentes" da parte dos britânicos e dos restantes europeus, podem evitar os efeitos negativos calculados pela Comissão, divulgados na semana passada.
A Comissão Europeia calcula que o impacto negativo da saída do Reino Unido da UE se reflita numa redução entre 0,3 e 0,6 pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) do grupo dos 28 e entre 1,0 e 1,75 pontos no país.
No final da reunião dos ministros das Finanças e governadores dos bancos do G20, que decorreu em Chengdu, no centro da China, o comissário europeu da Economia e Finanças voltou a referir que "o Reino Unido já não será um membro da UE, mas sempre será um país europeu, e um dos importantes, tanto económica como politicamente".
Pierre Moscovici fez questão de clarificar que uma avaliação preliminar não é uma previsão e que a primeira pode alterar-se se forem avançadas as medidas adequadas.
"Podemos evitar ou limitar o possível impacto negativo do 'Brexit', e claramente os responsáveis políticos podem fazê-lo de duas maneiras, a primeira é trabalhando para reduzir a incerteza o mais rápido possível", defendeu.
O novo ministro da Economia do Governo britânico, Philip Hammond, esteve pela primeira vez com os responsáveis económicos das grandes economias europeias e recebeu o pedido do comissário para que Londres "não atrase indefinidamente" o seu processo de saída.
Reino Unido poderá ter plano de relançamento económico no outono
Philip Hammond estimou que vai persistir uma "dose de incerteza" até ao final das negociações entre Londres e a União Europeia (UE).
O ministro falava aos jornalistas no final de uma reunião dos ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do G20, em Chengdu, na China.
"Temos a opção de [definir] uma resposta orçamental, o que faremos segundo o nosso próprio calendário, perto do nosso 'discurso do outono'", o orçamento retificativo apresentado pelo governo, explicou Philip Hammond.
As estatísticas disponíveis permitem a Londres "chegar a conclusões adequadas acerca da necessidade de um plano de relançamento orçamental", acrescentou o responsável, recentemente nomeado pela nova primeira-ministra britânica, Theresa May.
O ministro escusou-se a especificar o que podem conter as possíveis medidas de crescimento da despesa pública. De qualquer modo, "um novo quadro" orçamental será revelado no outono "para trazer clareza aos investidores", insistiu Philip Hammond.