O Caixabank assumiu hoje que "já não é tempo de negociar com outros acionistas do BPI sobre a estrutura de capital", uma vez que apresentou uma OPA.
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O presidente executivo do Caixabank admitiu hoje apenas dialogar com os acionista do BPI sobre o problema da exposição ao risco de Angola e não sobre a estrutura acionista do banco português.
"Quando se apresenta uma OPA (Oferta Pública de Aquisição), já não é tempo de negociar, quando se apresenta uma OPA, os outros acionistas têm de ver se lhes interessa ou não, aceitar ou não. Naturalmente, continuamos a trabalhar construtivamente porque, neste caso, além da OPA sobre o BPI, está pendente a resolução de um problema sobre o BFA [Banco Fomento de Angola, detido maioritariamente pelo BPI]", considerou o administrador-delegado do Caixabank, Gonzalo Gortázar.
Deste modo, o CEO do Caixabank não confirma o que anunciou o ministro da Economia. Caldeira Cabral disse numa entrevista à TSF, que "está a haver outra vez um trabalho de aproximação das partes", mas descarta que o executivo ser envolva diretamente mais uma vez nesse processo: "é tempo de deixar espaço para que as partes encontrem um acordo".
O Caixabank é o maior acionista do BPI, com 44,1%, e lançou nas últimas semanas uma OPA sobre o restante capital do banco português, condicionada à eliminação dos estatutos de bloqueio na entidade financeira portuguesa, que lhe limitam os direitos de voto a 20%.
O Governo português aprovou um decreto-lei que permite a desblindagem desta cláusula de bloqueio dos direitos de voto, mas à luz das novas regras do Banco Central Europeu, o BPI continua exposto ao risco de Angola, uma vez que detém mais de 50% do Banco Fomento e Angola.
"Não que o banco tenha algum problema, mas pesa muito no balanço do BPI e portanto passa os limites de concentração de riscos. Esse risco requer a colaboração de muitas partes, um diálogo construtivo com as autoridades regulatórias de Angola. Já nos pusemos à disposição do Banco Central de Angola para explicar a operação e para encontrar uma solução. E requererá o diálogo com o sócio do BFA em Angola, que é a Unitel", completou.
Ou seja, o Caixabank procurará "sempre o diálogo para solucionar esse problema".
"Mas que fique bem claro: o diálogo refere-se a solucionar o problema de Angola. Não estamos a dialogar com os acionistas do BPI sobre a OPA. Está apresentada e agora toca a aceitar ou rejeitar", concluiu.