O presidente executivo do CaixaBank, dono do BPI, negou que a empresa tenha sido "conivente" com quaisquer alegados delitos de branqueamento de capitais dos quais está a ser investigada pela justiça.
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"O CaixaBank não foi conivente com alegados delitos que cometeram pessoas e entidades chinesas", assegurou Gonzalo Gortázar na conferência de imprensa, em Valência, Espanha, onde apresentou os resultados do CaixaBank, dono do BPI.
Gortázar defendeu de forma insistente a "honorabilidade" dos seus funcionários e insistiu que o banco tem "tolerância zero" em relação a este tipo de delitos.
Mesmo assim, esclareceu que despediu um empregado de balcão na sequência de uma averiguação interna sobre a possibilidade de estar envolvido no esquema de lavagem de dinheiro que está a ser investigado pela justiça.
Um tribunal espanhol que trata casos graves de crimes económicos investiga o CaixaBank como pessoa jurídica por delitos de branqueamento de capitais, tendo suspeitas de que dez sucursais do banco situadas numa zona industrial dos arredores de Madrid teriam alegadamente ajudado a máfia chinesa a lavar dinheiro.
O magistrado que está a instruir o caso informou num auto de meados do corrente mês que os diretores das sucursais envolvidas teriam permitido, entre outras coisas, que os criminosos usassem "testas de ferro", bilhetes de identidade falsos e depositassem dinheiro com faturas falsas para enganar as autoridades fiscais.
O CaixaBank negou ter qualquer tipo de colaboração com este esquema suspeito de lavagem de capitais e assegurou que a instituição tem uma cultura de cumprimento das normas e da legislação em matéria de branqueamento de capitais.
O juiz da Audiência Nacional (tribunal que trata destes casos) sustenta que há "indícios graves" de que o CaixaBank permitiu a lavagem de dinheiro através de "operações maciças" que permitiram introduzir no circuito bancário "milhões de euros em notas" que, em seguida, foram transferidos para a China e para Hong Kong.
As entidades espanholas encarregues da supervisão financeira estimam em 99,1 milhões de euros o valor das transferências totais enviadas no período investigado, 2013 a 2015.
O tribunal estima que os órgãos anti-branqueamento de capitais do CaixaBank não tinham "nem pessoal nem treino para ser eficazes", falhas "graves" que eram do conhecimento de "todo o pessoal diretivo".
Gonzalo Gortázar assegurou que o banco espanhol investe muito dinheiro e trabalhadores na luta contra o branqueamento de capitais e que tem um departamento com 225 pessoas "dedicadas exclusivamente" a esse trabalho.
"O nosso interesse é que a situação se esclareça rapidamente" e "vamos ajudar na investigação", disse o presidente do CaixaBank.
O CaixaBank anunciou lucros de 704 milhões de euros no primeiro trimestre de 2018, um aumento de 74,7% em relação ao mesmo período de 2017, com o BPI a contribuir com um total de 169 milhões de euros tomadas em consideração todas as empresas participadas.
O negócio bancário, tradicional, do BPI contribuiu com 40 milhões de euros e os negócios que tem em Angola (BFA), Moçambique e a revalorização do preço de venda da participação na Viacer (cervejas) com 129 milhões de euros.
O BPI é o quinto maior banco do setor em Portugal, depois da Caixa Geral de Depósitos (CGD), do Santander Totta, do Banco Comercial Português e do Novo Banco.