Cerca de 80% das empresas portuguesas foram "convidadas" a aceitar condições de pagamento "mais dilatadas do que seria razoável".
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Um estudo da consultora Intrum, divulgado esta quarta-feira, revela que as empresas portuguesas têm mais dificuldades em obter os pagamentos do que as empresas do resto da Europa.
A média europeia de pagamentos dilatados situa-se nos 59% contra os 80% em Portugal, em 3 setores de atividade: Indústria, Comércio Grossista e Retalho e Transportes e Logística.
O relatório intitulado "Industry White Paper 2018" tem como objetivo "compreender o comportamento de pagamento e a saúde financeira das empresas, em diferentes setores de atividade, e de que forma os atrasos de pagamento afetam o seu desenvolvimento".
O documento destaca o setor dos Transportes e Logística como tendo "sido muito afetado com os atrasos de pagamento, uma vez que, em média, os consumidores têm 25 dias de prazo de pagamento e pagam após 41 dias. As empresas negoceiam o pagamento para 49 dias, mas pagam após 65 dias".
Por outro lado, "no setor público os atrasos neste setor são ainda mais alargados com o prazo de pagamento fixado nos 50 dias, mas que em média atinge os 79 dias para pagar", adianta o relatório.
Em Portugal, o setor do Comércio Grossista e Retalho revela, este ano, que os problemas financeiros (76%) são a principal causa de atraso de pagamento dos seus próprios clientes. Mesmo assim houve uma melhoria em relação aos 93% do ano passado.
"A medida mais comum do setor do Comércio Grossista e Retalho quando as empresas são questionadas a aceitar prazos de pagamento mais longos é a oferta de planos de pagamento". Mais de metade (52%) das empresas portuguesas oferece esta opção aos clientes, um valor superior à média europeia, que é de 31%.
No setor da Indústria, os inquiridos adiantam que a principal causa de atraso de pagamento dos seus próprios clientes são os problemas financeiros, mas aqui são 70% das empresas.
Neste setor, 76% das empresas portuguesas inquiridas refere "nunca ter enviado as suas faturas pendentes para uma empresa de recuperação de crédito e cobranças", um número mais elevado do que a média europeia que apresenta 48%.
Estas dificuldades de de cobrança afetam a liquidez das empresas, de acordo com 63% dos inquiridos.