Em declarações à TSF, o presidente da Associação Nacional de Condutores de Animação Turística admite compreender a intenção do executivo lisboeta, mas ressalva que tem de haver diálogo, sobretudo porque a câmara "não pode mandar fechar ruas" a uma única atividade económica
Corpo do artigo
A Câmara Municipal de Lisboa vai apertar as regras para a circulação dos tuk-tuk em quase "340 arruamentos" da capital. O executivo liderado por Carlos Moedas tem já preparado um regulamento, que irá entrar em vigor a 1 de abril.
O objetivo é "aumentar o número de ruas em que eles não podem circular". Ouvido pela TSF, Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da autarquia e vereador com o pelouro da Mobilidade, explica que em causa está um projeto que prevê "alargar aquilo que são os congestionamentos atualmente existentes para os veículos de animação turística".
"Estamos a falar de cerca de 62 arruamentos, que acrescem àqueles que já existem. No total, são cerca de 340 arruamentos que ficam condicionados à circulação dos tuk-tuk e, simultaneamente, estamos a criar regras de melhor convivência entre esta atividade e a articulação e a utilização do parque público", adianta.
O vereador da Mobilidade em Lisboa revela ainda que vão aumentar o número de lugares de estacionamento para estes veículos, que, neste momento, existem em menor número.
"Estamos a reconhecer que há muito menos lugares de estacionamento do que aquilo que são os tuk-tuk em atividade. Existem pouco mais de 80 lugares de estacionamento, mas sabemos [que o número destes veículos] andará na casa dos mil", aponta.
O executivo camarário estima, assim, que serão criados cerca de 250 novos lugares de estacionamento na cidade, fazendo reduzir o número "de tuk-tuks que estão no espaço público em condições de poder angariar para clientes".
Filipe Anacoreta Correia rejeita, ainda assim, que estas novas regras sejam um ataque a estes operadores. Para o vice-presidente da autarquia, o regulamento vai permitir criar uma harmonia maior naquela que é a relação dos tuk tuks com os residentes lisboetas.
"Não estamos a fazer isto contra os tuk-tuk. Acreditamos, até, que é a única forma de atribuir e garantir condições de sustentabilidade a essa atividade, porque não há atividade económica nenhuma que não seja desejada pelos residentes ou que esteja em guerra com os residentes", confessa.
A câmara acredita que estas novas regras vão "favorecer" a própria atividade, até porque se "tiver melhores condições de aceitação na cidade, então terá condições de florescer": "Caso contrário, ficará comprometida no futuro."
Em reação a este anúncio, o presidente da Associação Nacional de Condutores de Animação Turística, Frederico Duarte Carvalho, admite compreender a intenção do executivo lisboeta, mas ressalva que tem de haver diálogo, sobretudo porque a câmara "não pode mandar fechar ruas" a uma única atividade económica.
"Não estamos de acordo com restrições nenhumas, mas temos de as perceber e, primeiro de tudo, identificar que restrições vão ser essas. Temos tido um diálogo construtivo com a Câmara de Lisboa, portanto, eu penso que é para manter esse diálogo e encontrar soluções de compromisso", destaca.
Para Frederico Duarte Carvalho importa agora perceber que ruas é que se pretendem fechar: "Temos de ver se são ruas que nós podemos dizer 'Ok, não nos interessa passar por aí', ou então, 'Não, desculpe, mas essa rua ou fecha para todos ou não pode fechar só para alguns'. E isso é que é preciso ver caso a caso."
O despacho determina a proibição de circulação em várias vias das freguesias da Avenidas Novas, Arroios, Penha de França, São Vicente, Santo António, Misericórdia e Santa Maria Maior.
