Uma marca ibérica para ganhar novos mercados. A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola propõe uma conjugação de esforços para enfrentar a crise.
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Perante a crise, Portugal e Espanha deviam apostar na criação de uma marca ibérica para, em conjunto, tentarem conquistar novos mercados emergentes.
Na véspera da Cimeira Ibérica no Porto, Enrique Santos, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, defende a força que pode resultar da união.
«Havia um antigo embaixador que dizia que se a Espanha e Portugal se entendessem podiam valer por três ou quatro, não por dois. A crise está à porta e vai obrigar a que as empresas se juntem para entrarem em terceiros mercados», adianta.
Enrique Santos explicou à TSF porque é que a criação de uma marca ibérica pode traduzir-se numa mais valia para as empresas portuguesas.
«Aumenta a capacidade da empresa, uma marca ibérica para competir noutros mercados, o segredo é entrar em mercados novos, não tradicionais, é preciso conquistar mercados que estão em franco crescimento, como o Brasil, a Índia, a China», realça.
«As empresas portuguesas têm dificuldade em competir ou entrar nesses mercados porque não têm produção suficiente. Uma encomenda da China de rolhas para garrafas vai exigir vários milhões e as empresas portuguesas não têm produção suficiente, têm que se juntar com outra empresa para ter maior capacidade de produção e satisfazer as demandas desses mercados que são muito maiores que Portugal e a Espanha», acrescenta.
«Nas rolhas ninguém nos bate» É desta forma que João Machado, da Confederação da Agricultura, reage de forma critica à sugestão de uma aliança ibérica.
Este responsável considera que seria muito difícil criar uma marca Ibérica. Na sua opinião, esta «é uma ideia sem fundamento» e o caminho deve ser o da defesa das marcas nacionais. João Machado diz que o exemplo que Enrique Santos dá sobre as rolhas de cortiça é mau.
«Portugal é o maior produtor mundial de cortiça e domina completamente a indústria, mais de 80 por cento da indústria de cortiça mundial é portuguesa, se alguém tem capacidade para fornecer rolhas de cortiça para qualquer parte do mundo é a indústria portuguesa. Portugal não precisa de ninguém», realça.
Confrontado pela TSF com esta ideia da criação de uma marca ibérica, o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, António Saraiva, não quis comentar de forma direta, mas nota que os empresários dos dois países querem reforçar a ligação ibérica e diz que essa proposta vai estar em discussão.