
Carlos Costa
O governador do BdP defendeu a criação de novos contratos de trabalho sem «o vício do contrato permanente», mas «com muito mais flexibilidade e qualidade que o contrato a prazo».
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«Sem correr o risco de cair no vício do contrato permanente, há que imaginar um novo contrato com muito mais flexibilidade e muito mais qualidade do que o contrato a prazo, que permita garantir uma relação estável, mas também não constitua um retorno ao passado», afirmou Carlos Costa, numa conferência organizada pela CIP - Confederação Empresarial de Portugal, para debater a "Economia Portuguesa - Competitividade e Crescimento».
O governador do Banco de Portugal entende que a economia portuguesa tem «um sistema dual do mercado de trabalho», com contratos permanentes e os outros».
«E os outros são cada vez mais numerosos», sublinha Carlos Costa. «São os que não obtêm um contrato permanente. São os mais jovens, e uma juventude que já começa a ultrapassar os 30 anos», os que não chegam a adquirir conhecimentos práticos nas empresas, a quem não é dada a «oportunidade de ficar duradouramente numa empresa, porque a lógica é saltitar de um posto para outro», descreveu o governador.
«Temos que dar a esta gente a estabilidade necessária para que possa investir na aquisição de conhecimentos e temos que dar às empresas a estabilidade que é necessária para que possam investir nos seus colaboradores», defendeu Carlos Costa.
O governador do banco central diz que «há dois mercados» de trabalho, «o mercado herdado e o mercado futuro», e defende que o país tem que «organizar o mercado futuro, sob pena de dar aos mais competentes um grande estímulo para emigrar», ficando «com um mercado herdado que vai naturalmente, por força da vida, esvaziar-se à medida que as pessoas passam à reforma».