Carlos Costa diz que realidade provou que não se pode confiar na auto-regulação
Na cerimónia de tomada de posse para o segundo mandato, o governador do Banco de Portugal falou da "ilusão da auto-regulação" e defendeu o reforço de capitalização nos bancos e a adoção de mecanismos que previnam o endividamento insustentável.
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Esta tarde, na cerimónia de tomada de posse, ao lado da ministra das Finanças, Carlos Costa falou dos desafios que o regulador enfrenta e destacou a "ilusão da auto-regulação".
Para o governador, nos últimos cinco anos "havia uma ilusão de valores e comportamentos que alimentou a ilusão da auto-regulação" mas, diz Carlos Costa, "a realidade demonstrou que a auto-regulação não tem suporte em termos de valores, incentivos e instituições em que possamos confiar".
Sem nunca se referir directamente ao caso BES, o governador disse que foi preciso "travar o efeito dominó sobre o sistema financeiro que resultou da queda de uma grande instituição" e recorreu à terminologia botânica para explicar: "uma grande árvore com uma copa desproporcionada e ainda por cima com um tronco enfraquecido pode determinar a destruição da floresta envolvente".
O governador anunciou ainda que o Banco de Portugal vai exigir o reforço da capitalização dos bancos, em especial os que têm uma exposição excessiva a empresas endividadas, "para garantir a adequada cobertura dos riscos a que estão ou poderão vir a estar expostos face a cenários económicos adversos".
O governador disse também ser necessário "adoptar mecanismos que previnam fenómenos de endividamento insustentável dos particulares e empresas", principalmente nos sectores da construção e do imobiliário.
Na cerimónia de tomada de posse, o governador do Banco de Portugal agradeceu a cooperação da ministra das Finanças mas também com dos antecessores Vítor Gaspar e Teixeira dos Santos por "nunca terem beliscado a independência do banco central".
Maria Luís Albuquerque elogiou "a dedicação e serenidade de Carlos Costa nos momentos mais tensos do primeiro mandato" e lembrou os desafios que vai enfrentar. A ministra das Finanças disse que "a economia portuguesa está ainda em recuperação" e que apesar dos bancos estarem já "numa posição mais sólida", a recuperação e o aumento da rentabilidade vão continuar a ser a principal preocupação.