O presidente da CMVM defendeu que os gestores públicos que contrataram 'swap' têm os conhecimentos necessários para perceberem os riscos associados.
Corpo do artigo
«Custa-me a admitir que empresas desta dimensão não tenham quer na gestão, quer na administração pessoas capazes de entender estes produtos e riscos», disse hoje o presidente do regulador dos mercados financeiros, no Parlamento.
Carlos Tavares afirmou ainda que é aos gestores das empresas que cabe perceber os riscos associados aos contratos derivados de taxas de juro ('swap').
«Não conheço nenhum dos contratos em causa. Admito que alguns contratos tenham sido bem celebrados de início, mas a gestão desses contratos tem de ser feita de forma dinâmica e nisso são os órgãos da sociedade que em primeira linha têm de atuar», reforçou.
Os acionistas das empresas, o Estado no caso das empresas públicas, também «têm o dever de atuar», mas «a primeira linha de defesa são os órgãos sociais», sublinhou o responsável.
presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, explicou hoje no parlamento que os contratos 'swap' celebrados pelas empresas públicas estão fora da esfera de supervisão do regulador por estas serem consideradas investidores "qualificados".
Na comissão de inquérito, Carlos Tavares explicou ainda que a intervenção da CMVM depende do «tipo de investidor em causa», restringindo-se aos investidores não qualificados.
«Não nos compete proteger investidores em condições de conhecer os riscos, de cometer erros. Já temos que proteger os investidores mais frágeis das más práticas dos bancos», declarou.
Carlos Tavares explicou ainda que, desde 2009, «deram entrada na CMVM 170 processos de reclamação relativos à comercialização de swaps de taxas de juro, representadas por comerciantes em nome individual e por PME».