Catástrofes naturais ou “atos” de Deus "exigem trabalho conjunto de seguradoras e governos"
A frase é de António Huertas, presidente da Mapfre, dita em jeito de apelo na assembleia geral de acionistas que reuniu mais de 600 pessoas no Centro de Congressos da IFEMA, em Madrid, esta sexta-feira.
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Face aos eventos climáticos cada vez mais frequentes e com maiores impactos junto das populações, Antonio Huertas sublinha que têm sido as companhias privadas a suportar a maioria dos custos dos estragos provocados pelas ultimas catástrofes naturais, como por exemplo, a tempestade Filomena que cobriu de neve boa parte de Espanha em 2021, tendo sido considerada a maior dos últimos 50 anos no país, ou os temporais que deixaram rasto de morte na Alemanha e em Itália, ou o violento sismo na Turquia, ou o aumento dos furacões no Golfo do México, ou a onda frequente de tornados nos EUA.
O presidente geral da Mapfre apela a um envolvimento maior dos governos com o setor, para que as responsabilidades na resposta seja mais equilibradas, do que o contributo de 70% do privado e 30% do público.
Considera que este tipo de risco, não depende do ser humano, mas sim, da natureza. Faz saber que na gíria diária, o próprio setor segurador as classificam como “atos saídos das mãos de Deus”, cada vez mais imprevisíveis e mais frequentes.
Perante a urgência climática, Huertas desafia todos os atores sócios a uma reflexão sobre o futuro e para acautelar danos não é avesso à ideia de se criar um grupo de trabalho que acelere propostas conjuntas para combater o problema.
Huertas mostra sintonia com a ideia de se criar um fundo anti-sismo e alargado a outro tipo de catástrofes naturais em Portugal e recorda que a companhia tem feito parte do grupo de trabalho da APS para a elaboração da proposta que tem vindo a ser “cozinhada” nos últimos meses, cuja a aprovação foi adiada para a nova legislatura.
O presidente desta companhia de seguros, que está no top cinco das maiores na Península Ibérica, adianta ainda que a Mapfre em 2023 atingiu um recorde em termos de prémios e esse forte crescimento já está a ser repassado para a rentabilidade, com um ROE (Return on Equity) ou rentabilidade dos capitais próprios ajustada e próxima dos 10%.
António Huertas garante que a empresa está a superar os desafios do ambiente atual e continua a avançar na transformação dos seus negócios. Além disso, reafirma “o compromisso da companhia com os acionistas com um dividendo final de 9 cêntimos, o que mostra a força dos resultados e da posição financeira do Grupo”.
A Mapfre, que apresentou resultados há um mês, registou um lucro líquido na ordem dos 767 milhões de euros (+19,4%) sem a redução de 75 milhões de euros das depreciações cambiais nos Estados Unidos.
Os prémios cresceram 9,7%, chegando a 26.917 mil milhões de euros, um valor histórico nas contas da empresa, enquanto as receitas aumentaram 9,2%, chegando a 32.239 bilhões de euros.
A Península Ibérica, incluindo Portugal, destaca-se entre os principais mercados por ser o negócio com o maior crescimento em prémios, com um aumento de 15,8%.
Já o resultado da América Latina subiu para 373 milhões de euros e é o principal contribuinte para o lucro, com um aumento de 24%, com o Brasil a revelar o seu potencial de crescimento. Já o património líquido cresceu mais de 10% e atingiu 8.467 bilhões.
Com estes dados, o conselho de administração aprovou sexta-feira na assembleia geral anual de acionistas um dividendo de nove cêntimos por ação, ou seja, mais 5,9% do que no ano anterior.
