
Eduardo Catroga
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O antigo ministro das Finanças, que representou o PSD nas negociações com a troika, disse hoje que Portugal precisava de um empréstimo superior aos 78 mil milhões de euros.
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«Eu quando tive a última reunião com a troika, disseram-me que ia haver 78 mil milhões de euros e eu perguntei porquê esse valor e se queriam que eu demonstrasse rapidamente que no mínimo eram 100 mil milhões de euros. 'Não vale a pena porque isto já estava definido politicamente'», revelou o antigo ministro.
Ou seja, concluiu Catroga, «o Governo anterior quando conseguiu o benefício da dúvida que foi dado durante dois ou três meses para o PEC4, já tinha negociado o PEC5, e quando foi a nível da União Europeia, quando houve o primeiro pacote de ajuda à Grécia e à Irlanda, também já havia um definição dos 78 mil milhões de euros para Portugal».
Eduardo Catroga considerou ainda que não havia «alternativa» à austeridade e que o PS deveria votar a favor do Orçamento do Estado para o próximo ano e pedir desculpa aos portugueses por terem de abdicar de uma parte dos seus rendimentos.
«Nos últimos 15 anos a dívida pública portuguesa, directa e indirecta, mais que duplicou. A dívida das empresas públicas de transporte duplicou nos últimos cinco/seis anos. Portanto, toda a política de austeridade que é agora necessária, independentemente dos factores da crise internacional, radica em factores internos de um grande descontrolo das finanças públicas que é consequência da herança deixada pelo PS», recordou.
«Portanto, o PS devia votar favoravelmente [o OE2012] e não apenas abster-se», acrescentou Eduardo Catroga.