Sentem-se enganados, revoltados e responsabilizam o que dizem ser a "má gestão" da Lactogal pelas dificuldades que o setor do leite vive.
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Centenas de produtores vindos do norte do país, com cartazes na mão onde se lê frases como "Insucesso da Lactogal abre portas ao lei estrangeiro", manifestaram-se à porta da sede da empresa no Porto.
Jorge Oliveira, presidente da Associação de Produtores de Leite, afirma que chegou a hora de dizer basta. "É uma revolta muito grande dos produtores, não é admissível. Esta administração perdeu a credibilidade, não tem estratégia para escoar o produto e cada ano que passa tem mais dificuldade e não aproveita o mercado", alega.
José Ferreira, de Vila do Conde, lamenta que os produtores tenham sido esquecidos: "Portugal continua a importar cerca de 500 milhões de euros ano em produtos lácteos. Enquanto o país importa, os administradores da Lactogal impõe redução, ou seja, pagam para os produtores irem embora".
Para Mariza Costa, produtora, o corte de um cêntimo no valor que a Lactogal paga por litro de leite, é revelador da falta de estratégia da empresa. "Um cêntimo numa exploração que produza 800 mil litros de leite anualmente, representa 8 mil euros; numa produção de 750 litros mensal significa 750 euros e isto torna a situação das explorações muito difícil", explica.
Os produtores de leite prometem continuar a lutar e avançar com novas formas de luta até que consigam o que dizem ser o preço justo pelo trabalho que cumprem diariamente.
Lactogal garante não compreender protesto
Em comunicado divulgado esta quinta-feira, a Lactogal (empresa de lacticínios constituída pela Agros, a Lacticoop e a Proleite/Mimosa) reage ao protesto dos produtores de leite, que considerar ser "estranho", "já que o grande desafio do setor é competir com produtos provenientes de outras origens e com práticas de dumping".
"Somos os primeiros a entender as justas preocupações de todos os produtores pelas incertezas que sabemos existirem", começa por defender a empresa, acrescentando de seguida que "a Lactogal tem sido e será a peça chave da sustentabilidade da produção nacional, assegurando o escoamento integral de todos os excedentes estruturais, mesmo quando o mercado não os absorve".
"Os protestos a que hoje assistimos são convocados por uma associação (APROLEP) que não teve e não tem qualquer relação, nem jurídica, nem comercial nem funcional com a Lactogal", refere.
"Desconhecemos as motivações para esta manifestação na medida em que, mesmo sem a existência de quotas de produção desde 2015, a Lactogal continua a receber e a pagar mais pela matéria-prima que compra", alega a empresa que afirma, ainda este ano ter continuado a pagar mais de 2,5 cêntimos por litro e só agora, a partir de agosto, reduzir 1 cêntimo ao preço de cada litropago às cooperativas".
A Lactogal sublinha ainda que a desvalorização do pagamento do leite, com base neste valor, não é certa - sendo que a decisão cabe "única e exclusivamente" às cooperativas.