São dados divulgados pelo INE. Em declarações à TSF, o presidente da Associação Nacional de Produtores de Cereais fala numa situação "preocupante" para a "soberania alimentar do país".
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Os cereais vão ter, em 2018, pelo quinto ano consecutivo, uma diminuição de área instalada, prevendo-se "a pior dos últimos 100 anos", de acordo com os dados divulgados, esta terça-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Em relação aos cereais de outono e inverno (entre os quais, trigo, cevada, centeio, aveia, triticale), "as atuais previsões refletem uma redução da área, pelo quinto ano consecutivo, e posicionam a campanha de cereais de pragana como a pior dos últimos 100 anos", indicam as previsões do INE.
De acordo com o INE, prevê-se que este ano a campanha de cereais "atinja um mínimo histórico de 121 mil hectares, a menor área dos últimos 100 anos (desde que existem registos sistemáticos)". Em 2017, os dados provisórios apontam para uma área de 131 mil hectares.
Ouvido pela TSF, o presidente da Associação Nacional de Produtores de Cereais (ANPC) considerou que esta "redução acentuada" no cultivo de cereais é "muito preocupante, até para a soberania alimentar do país".
José Palha recorda que o setor está há "três anos consecutivos com pluviosidade abaixo da média", o que provoca menos interesse neste tipo de culturas. "Os agricultores estão menos ativos, há muito mais abandono das zonas rurais" e "muita da área que deixou de produzir cereais passou para abandono ou para pastagens pobres".
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O dirigente associativo considera "fundamental" encontrar caminhos para que Portugal continue a produzir cereais, até porque o país está numa situação "muito preocupante" em que importa "cerca de 95% daquilo que consome para trigo duro e trigo mole panificável".
"Temos todas as condições para produzir cá", refere José Palha para quem a aposta deve ser "trabalhar mais a qualidade do que a quantidade".
Quanto às medidas prioritárias para evitar os efeitos da seca, o presidente da ANPC defende o armazenamento de água e a promoção desse armazenamento, "quer através de barragens públicas, quer privadas".
"É fundamental termos mais capacidade de armazenamento de água", conclui o responsável pela ANPC, associação que tem dialogado com o ministro da Agricultura a quem apresentou um pacote de medidas no final de janeiro visando a promoção dos cereais no país.