O aviso é do presidente da CGD: países em crise vendem a preço de saldos. Em entrevista à TSF e Dinheiro Vivo, Faria de Oliveira lamenta que o caso TSU tenha degradado a imagem externa do país.
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Na primeira edição do programa Tudo É Economia Faria de Oliveira produziu as primeiras declarações desde o início da polémica em torno da privatização parcial da Caixa Geral de Depósitos. O presidente da instituição avisa que nesta altura uma operação dessas pode significar vender a preços de saldo:
«Em momentos desta natureza há transferências de ativos a enorme desconto. Será possível neste momento obter um preço que equivale ao valor de uma instituição com a dimensão e peso da Caixa? Tem de ser avaliado». Faria de Oliveira recusa no entanto afirmar de forma categórica que esta é uma má altura para a operação.
Privatização CGD: PS deve ser envolvido?
Faria de Oliveira sublinha que uma privatização, mesmo que parcial, da caixa, é uma operação irreversível; por isso o governo deve ponderar se deve falar com o PS:
«É uma questão de regime ou não? É uma questão que deve envolver o outro elemento da área do poder no sentido de evitar uma decisão que depois será irreversível e que pode não ter o acordo do principal partido da oposição? É algo em que se deve pensar».
TSU degradou imagem do país
Nesta entrevista à TSF e Dinheiro Vivo, Faria de Oliveira diz que o caso degradou a imagem externa do país, numa altura em que Portugal começava a convencer os mercados que estava no bom caminho: «As empresas portuguesas começavam a conseguir financiar-se no exterior. Houve obrigações lançadas pelas maiores empresas portuguesas, que tiveram procura, como no caso da EDP, dez vezes superior ao previsto. Isto significava que os mercados estavam a olhar para o país de maneira diferente». Uma imagem conquistada a pulso que foi abalada pelo caso da Taxa Social Única: «O problema da TSU veio aparentemente piorar significativamente a imagem do país no exterior. O que nós temos que fazer é demonstrar que nós também temos capacidade de resolver os problemas sociais e políticos de forma a retomar uma trajetória de sucesso»
TSU foi um erro político
O anúncio de Passos Coelho a 7 de Setembro foi, diz o chairman da caixa, um erro político:«Se houvesse apenas uma diminuição da TSU para as empresas que criam emprego, se calhar tudo isto tinha passado. Juntá-la a um aumento da TSU para o trabalhadores teve o efeito que teve. Foi uma avaliação incorreta do ponto de vista político»
Consenso político tem de ser retomado
Faria de Oliveira entende que o processo da TSU deitou por terra um dos principais ativos do país: o consenso político em torno do programa da troika. Um consenso que o chairman da Caixa defende que tem de ser retomado porque «no exterior, aquilo que a oposição diz sobre um programa desta natureza é tão ou mais importante do que aquilo que o governo diz, porque dá credibilidade às ações que estão a ser executadas. Neste momento é fundamental - o e presidente da república tem dado um excelente contributo para que isso aconteça - retomar um diálogo intenso que permita que o compromisso político seja completamente readquirido».