CGTP e UGT não se unem nas comemorações do 1.º de Maio: "Temos projetos diferentes"

André Tenente/TSF
Em declarações à TSF, Tiago Oliveira fala de divisões fraturantes entre as duas centrais sindicais.
O secretário-geral da CGTP justificou, esta quarta-feira, o motivo pelo qual nem nos 50 anos da primeira grande manifestação da democracia portuguesa as duas centrais sindicais (CGTP e UGT) se uniram. Em declarações à TSF durante o tradicional desfile do 1.º de Maio nas ruas de Lisboa, Tiago Oliveira falou de divisões fraturantes.
"Temos projetos diferentes, a CGTP e a UGT têm com projetos distintos e visões diferentes. A CGTP tem uma história de dezenas de anos sempre em defesa dos trabalhadores e do projeto que temos para o futuro do país e, nesse sentido, temos as comemorações que assumimos na CGTP e os outros hão-de ter as comemorações que têm", afirmou.
Milhares de pessoas estão, esta quarta-feira, nas ruas de Lisboa para exigir aumentos salariais e de pensões. Em Lisboa, a manifestação faz-se do Martim Moniz até à Alameda D. Afonso Henriques. Este é o primeiro 1.º de Maio de Tiago Oliveira à frente da CGTP.
Ouvido pela TSF, Tiago Oliveira espera uma "grande manifestação". "Tivemos um grande 25 de Abril, que assinalou 50 anos de uma data histórica a nível nacional. O povo relembrou os valores de Abril, trazendo-os para a rua. Como há 50 anos, Abril confirmou-se num grande 1.º de Maio. Hoje vamos ter um grande 1.º de Maio. Os problemas concretos dos trabalhadores, dos jovens e reformados vão estar presentes na rua sempre na esperança de uma vida melhor", afirma.
O secretário-geral da CGTP sublinhou ainda que o "programa do Governo é muito mau para os trabalhadores e para o país". "Ou o Governo toma um rumo diferente daquilo que assumiu, ou segue neste rumo de desvalorização dos trabalhadores e contem com a CGTP para se unir aos trabalhadores", referiu.
O Dia do Trabalhador é esta quarta-feira comemorado em todo o país, com as centrais sindicais CGTP e UGT a promoverem manifestações e iniciativas pela valorização dos trabalhadores.
O 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, teve origem nos acontecimentos de Chicago de há 137 anos, quando se realizou uma jornada de luta pela redução do horário de trabalho para as oito horas, que foi reprimida com violência pelas autoridades dos Estados Unidos da América, que mataram dezenas de trabalhadores e condenaram à forca quatro dirigentes sindicais.
Há 50 anos, em Portugal, a celebração do 1.º de Maio, apenas uma semana após a revolução do 25 de abril, foi uma grande manifestação popular.
Por todo o país, centenas de milhares de pessoas saíram à rua mostrando a sua alegria e com exigências como 'direito à greve', 'fim da guerra já' ou 'regresso dos soldados', segundo as fotografias da época.
Em Lisboa, estima-se que tenham estado 500 mil pessoas na manifestação do Dia do Trabalhador de 1974.