Cinco mil imigrantes procuram formação, mas apenas 26% vão ter emprego na hotelaria
A procura superou a oferta do “Programa de Formação e Integração de Migrantes e Beneficiários de Proteção Internacional no Setor do Turismo”, que vai conseguir colocar, a partir de 1 de junho, apenas 1299 dos mais de cinco mil candidatos nas cerca de 300 unidades hoteleiras que aderiram ao projeto
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A informação é avançada à TSF pelo presidente do Turismo de Portugal, Carlos Abade, que promete para breve uma segunda edição, após o sucesso deste projeto-piloto que juntou os vários operadores do sector e apoios institucionais que se estendem à Confederação do Turismo de Portugal. No início da temporada de verão, a partir de 1 de junho, são colocados 1299 migrantes em mais de três centenas de unidades hoteleiras em Portugal, mas a procura superou cinco mil candidatos, o que abre a porta a nova edição, ainda por definir (se este ano ou só no próximo).
Ao todo, 329 empresas aderiram a este projeto-piloto que é uma das medidas do programa governamental “Acelerar a Economia”. Disponibilizaram 1299 vagas para estágios com possibilidade de colocação efetiva de quadros e levaram à formação de quase mais 300 estrangeiros e não mil, como estava inicialmente previsto. Mesmo assim, é o resultado de uma seleção, uma vez que não deu resposta à totalidade dos 5378 candidatos.
Pessoas de 75 nacionalidades diferentes que procuram trabalho, com maior representação do Brasil, Angola, Índia, Nepal, Paquistão e Bangladesh, mas também registo de inscrições de países como Peru, Colômbia e Argentina. Lisboa foi o distrito com maior número de candidatos, 1821, seguida do Porto, com 931, e Setúbal, com 567, com mais de metade dos candidatos a revelar ter o equivalente ao ensino secundário.
Quanto ao género, 59% das candidaturas foram feitas por mulheres e 41% por homens, ambos disponíveis para trabalhar na hotelaria, restaurante/bar, padaria e pastelaria, restauração, alojamento local, turismo em espaço rural e turismo de habitação, catering e animação turística.
Esta é uma das 60 medidas que constituem o programa lançado pelo Governo "Acelerar a Economia". À TSF, Carlos Abade adianta que é apenas uma medida que, ao reforçar a qualificação da mão de obra e, simultaneamente promover a inclusão social, vem contribuir não só para o fortalecimento da competitividade e resiliência das empresas do sector, mas também torna Portugal num destino ainda mais sustentável, inovador e atrativo.
Para o presidente do Turismo de Portugal, a adesão significativa ao Programa Integrar para o Turismo de Migrantes e Empresas significa que este é um programa que responde às necessidades reais sentidas no país e, em breve, merece uma segunda edição.
Reforça também que simboliza a força do compromisso do Turismo de Portugal em apostar na qualificação dos profissionais e em tornar o turismo um bom exemplo de integração, mais ainda num período marcado por desafios demográficos e de recursos humanos em diversas áreas de atividade. Revela ainda como o sector pode ser um motor de inclusão e desenvolvimento económico, beneficiando tanto os trabalhadores como as empresas que os acolhem.
A formação dos imigrantes foi feita através da rede de Escolas do Turismo de Portugal entre 17 de fevereiro e final de maio, através da constituição de 40 grupos com 25 migrantes cada um, para iniciar estágios nas empresas a 1 de junho, sendo que até final de outubro todos os estágios terão já de se ter iniciado.
Este é um programa que assenta ainda numa parceria estratégica entre três entidades. Na área das migrações envolveu a AIMA - Agência para a Imigração e Mobilidade. Na área da formação, contou com o Turismo de Portugal, através Rede de Escolas de Hotelaria e Turismo e no domínio da empregabilidade teve o apoio da Confederação do Turismo de Portugal.
É apenas o início de um programa que promete fortalecer a competitividade do sector, promovendo a inclusão, a diversidade e a qualificação dos profissionais que escolheram o turismo como caminho para o seu futuro. Com a escassez de mão de obra de 45 mil trabalhadores em todo o sector e 15 mil só na hotelaria, o emprego continua a ser o principal desafio do turismo.
Talvez por isso, em paralelo, com o programa dedicado às comunidades migrantes, foi lançada outra campanha de valorização dos mais de 420 mil profissionais de diferentes áreas de atividade ligadas ao turismo, pelo peso que o sector tem na economia nacional e pela importância que cada um representa na sustentabilidade da atividade, considerando ainda que o país tem avançado, de ano para ano, na melhoria das condições laborais e de empregabilidade.
