A Confederação Empresarial de Portugal lança esta semana um movimento que pretende ser a chave da transformação económica e social da Europa, através da aceleração da revolução digital em solo português, numa altura em que o espaço europeu revela atrasos neste domínio face às grandes potencias, como a China e os EUA.
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O projeto “IA Nation” desenvolvido pela CIP vai ser apresentado quinta-feira às confederações empresariais congéneres europeias que participam na cimeira B9 European Digital Summit, dedicada ao futuro digital da União Europeia, no pavilhão de Portugal, para depois, aproveitando a presença dos líderes europeus em Lisboa, num encontro à porta fechada previsto para sexta feira, apresentar este novo movimento aos ministros europeus com responsabilidades na transição digital dos estados membros e que pertencem ao chamado grupo D9+, a aliança informal de 13 estados-membros da União Europeia, que estão na vanguarda digital.
A Europa, incluindo Portugal, ainda estão muito atrasados, na revolução digital em curso, em especial, na avaliação e utilização de ferramentas, como a IA - inteligência artificial e Rafael Alves Rocha, diretor geral da CIP, considera que este é o momento certo para avançar com este movimento. Recorda que “este déficit de inovação está traduzido nos relatórios Letta e Draghi e sabemos que esse gap é enorme em relação aos Estados Unidos e à China, por isso é altura de o atacarmos em força.”
Explica ainda à TSF que a Confederação Empresarial de Portugal começou internamente a abordar esta questão e a desenhar um movimento que tem diversos braços. Esses diversos braços traduzem-se em cursos de capacitação em inteligência artificial, em roadshows pelo país segmentados por atividades industriais, em laboratórios setoriais de inteligência artificial e projetos que podem promover a inclusão e o desenvolvimento territorial, que também que vão ter em conta a ética, a confiança e a regulação.
No domínio da Inteligência Artificial, este responsável da CIP recorda que “só nos Estados Unidos, para o próximo ano de 2026, prevê-se um investimento de 500 mil milhões de dólares neste tipo de ferramentas e isso é quase tanto como aquilo que foi a dotação total do PRR, o que diz bem da diferença de posicionamento face à Europa.
Na radiografia que traça ao setor tecnológico europeu, realça ainda que “ sete das maiores tecnológicas em 10 são americanas e duas são asiáticas, enquanto nas 100 empresas mais tecnológicas do mundo, apenas 11 são europeias. Também na Europa e em Portugal, apenas 17% das PME utilizam inteligência artificial ou qualquer ferramenta de Big Data e 56% das competências dos portugueses em matéria digital, são básicas e é todo esse raio-x que impõe ações corretas e céleres no desenvolvimento da digitalização na União Europeia e mesmo a realidade portuguesa obriga-nos a sermos muito ágeis e muito rápidos na adoção de soluções. Foi todo este conjunto de dados factuais que nos levou a desenhar o movimento AI Nation Portugal.”
Neste momento, a CIP garante que para criar tal movimento, tem mantido contacto direto com um conjunto de parceiros do mundo empresarial, incluindo grandes tecnológicas, académicos, universidades, centros de saber e laboratórios, com o objetivo de agregar todos, para que “no campo da inteligência artificial em concreto, possamos realmente ser um dos mais avançados da Europa e, consequentemente, daqueles que mais vantagem competitiva vão tirar, se estiverem na liderança desse tipo de ranking.”
Quanto à cimeira do B9+, não é mais do que a designação dada ao grupo criado informalmente pelos países na vanguarda tecnológica na Europa, que reune semestralmente numa das capitais desses mesmos países e desta vez, é em Lisboa.
Segundo Rafael Alves Rocha, “a ideia é que a parte ministerial esteja em contacto com a parte empresarial, porque todas as políticas que forem de alguma maneira reguladas e todas as decisões que forem tomadas neste âmbito, irão afetar diretamente este tipo de empresas e a CIP entendeu aproveitar a sua realização para realizar um “B9+ Digital Summit” que trás à capital portuguesa, um conjunto de especialistas, nas mais diversas matérias, em termos de competitividade digital, simplificação regulatória, inteligência artificial, para discutirem soluções e de imediato, apresentá-las à parte ministerial.”
Para este responsável, a ocasião é uma oportunidade para colocar Portugal na vanguarda destas temáticas, promovendo a discussão e apresentação de propostas, como o “AI Nation Portugal, que sendo o pontapé de saída deste tipo de discussão, acredita que “com toda a certeza, vamos conseguir ganhar aqui apoios, para que este movimento seja mais sólido e de forma mais consolidado possa ser uma maneira mais rápida de atingir os seus objetivos.”
O AI Nation Portugal terá como objetivo último, a competitividade tecnológica do país em benefício da sua economia, empresas e força de trabalho e a CIP pretende com este movimento democratizar o acesso à digitalização e afirmar o país como um “early mover”, fomentando transformação tecnológica, reposicionando a educação e a criação uma comunidade nacional capaz de atrair sustento internacional.
Uma ideia que quer colocar em prática de forma célere, prevendo ter uma calendarização de ações concretas até ao fim do ano. Para já, deseja a formação de um grupo muito sólido de parceiros da iniciativa para depois dar o passo seguinte e ir para o terreno, nomeadamente com a capacitação das empresas e da força de trabalho portuguesa.
