No espaço "A Opinião" da TSF, Bagão Félix analisou o impacto do futebol na economia portuguesa.
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Bagão Félix considera que a atmosfera no futebol português está a ficar "irrespirável" e que isso prejudica economicamente o setor. No espaço de comentário que ocupa na TSF, "A Opinião", o economista afirmou que, se os clubes de futebol estivessem sujeitos às avaliações das agências de rating, seriam considerados "lixo".
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"O futebol, que há anos era apenas um desporto, passou a ser uma indústria que movimenta muito dinheiro", constatou o antigo ministro das Finanças, apontando o caráter exportador de Portugal em relação a jogadores e técnicos de futebol.
Bagão Félix sublinha que as SAD (Sociedades Anónimas Desportivas) são organismos "cotados em bolsa e que vivem, em parte significativa, do patrocínio de marcas comerciais - ao nível dos equipamentos, das estruturas e dos direitos televisivos".
Pelo contrário, a parte da indústria que é "o espetáculo" - o jogo em si - têm um impacto mínimo nos rendimentos dos clubes, indicou o economista, sublinhando que a média de assistência aos jogos, na Primeira Liga, corresponde apenas a 48% da lotação global dos estádios.
Ao mesmo tempo, a dívida total das SAD em Portugal já ultrapassa os 1200 milhões de euros, com pagamento de juros de 43 milhões por ano - dos quais 96% dizem respeito a Benfica, FC Porto e Sporting, segundo um relatório da UEFA.
"Portanto, clubes vivem daquilo para o qual necessitam de boa reputação", os patrocínios das marcas comerciais, concluiu Bagão Félix, deixando o aviso de que a boa reputação "não se faz com insultos diários".
"Imagine, por exemplo, no setor da banca: e se, todos os dias, os diretores de comunicação dos vários bancos se insultassem no Facebook?", comparou o comentador.
"Qualquer setor económico vive da competição, da concorrência, mas há uma zona de cooperação, para defender a indústria", defendeu Bagão Félix. "Há regras: regras éticas, regras económicas e regras de consolidação do próprio setor de que vivem."
O antigo ministro considera que os clubes de futebol estão a "cantar e bailar ao som da música, mas estão a contribuir para afundar o que ainda está emerso".