A compra de mais de três por cento da Espírito Santo Saúde por parte de dois administradores do grupo Angeles pode configurar um caso de abuso de informação privilegiada antes do lançamento da OPA sobre a empresa portuguesa.
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A CMVM está a analisar as compras feitas pelo grupo Angeles, que pretende adquirir o controlo da Espírito Santo Saúde através de uma OPA, noticiou a edição desta quinta-feira do Diário Económico.
O regulador de mercado confirmou que dois administradores deste grupo mexicano adquiriram em bolsa entre meados de julho e meados de agosto 3,32 por cento da empresa de saúde do Grupo Espírito Santo.
De acordo com o Diário Económico e o Público, a última transação relativa a esta compra foi feita na segunda-feira, um dia antes de ser divulgado o anúncio preliminar da OPA a um preço nove por cento superior aos preços de mercado.
No dia do anúncio da OPA, o grupo Angeles adquiriu 0,12 por cento da Espírito Santo Saúde, ao passo que há uma semana, a 14 de agosto, dois administradores da empresa mexicana tinham feito um reforço de um por cento.
Estes negócios, feitos em nome da Angeles, do presidente executivo e do presidente do Conselho de Administração do grupo mexicano, permitiram uma poupança de 1,7 milhões de euros após um investimento de 12 milhões em ações.
Esta compra pode configurar um caso de abuso de informação privilegiada antes do lançamento da OPA sobre a Espírito Santo Saúde porque quem vendeu as ações não sabia da intenção da OPA por parte do grupo mexicano.
O jornal Público recorda ainda que o código da bolsa diz que existe esse abuso quando se compram ações por conhecimento de informações que ainda não são públicas e que podem influenciar o preço futuro dos títulos.
Contactada por este jornal, a CMVM indicou apenas que sempre que é anunciada uma OPA o regulador faz uma análise das compras e vendas que existiram antes.
Entretanto, o Ministério da Saúde está a analisar se autoriza a eventual venda da maioria do capital da empresa de saúde do Grupo Espírito Santo.
Em declarações à TVI, Paulo Macedo explicou que é preciso apurar se o grupo tem capacidade para cumprir o contrato com o Estado na parceria publico-privada do Hospital de Loures e frisou que «a nossa preocupação é assegurar que haja a qualidade».
Paulo Macedo disse ainda que vê «com bons olhos que haja uma solução sólida para uma das nossas parcerias público-privadas que estava integrada num grupo que está com dificuldades e bastante conturbado».