Ações da Mota-Engil retomam negociação

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários levantou a suspensão da negociação das ações da Mota-Engil, "por terem cessado os motivos que justificaram a suspensão", pouco antes das 14h. Entretanto, a Mota-Engil esclareceu o mercado, a pedido da CMVM, afirmando desconhecer qualquer facto que justifique a queda na cotação das ações da empresa.

No momento da ordem de suspensão da mesa de negociação bolsista, as ações da Mota-Engil caiam 21,64% e cada uma valia 1,13 euros, ou seja metade da cotação que os títulos apresentavam em novembro, o que corresponde ainda a uma descida na casa dos 40% desde o início do ano.

A CMVM faz saber em comunicado que a decisão de parar as ordens de venda iria manter-se até que a Mota-Engil divulgasse informação relevante, o que veio a acontecer. Segundo as leituras de alguns analistas de mercado, a queda pode dever-se a uma ligação à exposição desta cotada ao mercado de Angola, que está sob pressão pela queda do preço do petróleo.

A Mota-Engil, por sua vez, explicou no esclarecimento ao mercado que "a conjuntura económico-financeira mundial, em especial em alguns mercados onde o GRUPO opera, revelou-se muito difícil no ano de 2015", não deixando de frisar que a empresa se tem conseguido adaptar aos impactos, através do aumento da atividade na América Latina, do volume de negócio em África e da "redução assinalável dos níveis consolidados de endividamento".

Os investidores anteveem um acentuar do desequilíbrio entre a oferta e a procura mundial de crude pelo levantamento das sanções internacionais ao Irão, o que arrasta a cotação desta matéria-prima para valores mínimos do início da última década, e asfixia os países produtores.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo de África, a seguir à Nigéria, e a retração de investimento, ou o adiamento de projetos que se traduzem em negócios para a construtora portuguesa podem comprometer as contas do grupo.