O presidente da Comissão Europeia já respondeu às denúncias da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial do BES. Jean-Claude Juncker encaminhou a pasta para o Comissário Europeu dos Serviços Financeiros para avaliar os procedimentos do Banco de Portugal.
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A resposta seguiu em forma de carta endereçada a Nuno Silva Vieira, advogado da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial do BES.
O advogado sublinha a prontidão com que as instituições europeias estão a tratar o assunto afirmando que "aquilo que nós queremos salientar desde já é a pronta resposta da Comissão Europeia à nossa denúncia, a pronta resposta através de um alto representante, o seu Presidente, e esta realidade que contrasta com a realidade portuguesa onde não somos recebidos, onde figuras menos relevantes que Jean Claude Juncker não nos recebem, não nos ouvem, não nos respondem".
O advogado diz que a luta dos seus clientes entrou numa nova fase dizendo que "é com muita tristeza que nós começamos hoje a nossa defesa internacional, sabendo que estamos a ser ouvidos e sabendo que temos voz na União Europeia ao contrário daquilo que sucede em Portugal".
Nuno Silva Vieira resume a receção da carta dizendo que é o "início da nossa luta internacional".
A carta é uma primeira resposta a uma queixa enviada para Bruxelas pela Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial do BES. O advogado congratula-se com a resposta e afirma que Jean Claude Juncker "informa na carta" que quer que o Comissário Europeu "Jonathan Hill trate o problema com muita celeridade e isso é uma posição que nos fortalece".
Nuno Silva Vieira diz também que que aquilo que for a resposta do Comissário Europeu, em relação à forma como o Banco de Portugal resolveu a crise do BES, vai servir os processos já na justiça.
O representante da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial do BES considera que "a resolução não podia acontecer sem uma avaliação prévia dos ativos [do Banco] é esse o ponto que está inicialmente em discussão". Nuno Silva Vieira sublinha a importância da decisão da comissão porque "os lesados do papel comercial já estão com uma ação administrativa especial a correr no Tribunal Administrativo do Circulo de Lisboa e nesse processo nós vamos chamar o Tribunal de Justiça da União Europeia para se pronunciar".
"Conjugando todos estes esforços", diz ainda o advogado, "acredito que nós próximos três, quatro meses, possa haver uma posição formal da União Europeia em relação ao nosso assunto".
O advogado termina insistindo que "por mais que o Banco de Portugal tente afirmar que ponderou esta decisão, não o fez [...] O Governador do Banco de Portugal já afirmou que a decisão foi tomada numa noite". Se assim foi, continua o advogado "não houve ponderação anterior e essa ponderação era imposta pela diretiva comunitária e nós queremos portanto qual a posição da União Europeia relativamente a esta falta imperdoável que levou à imoralidade e ao prejuízo dos lesados do papel comercial".