As palavras são do presidente do BPI que, esta quarta-feira, foi recebido pelo Presidente da República no âmbito das audiências promovidas por Cavaco Silva para debater a atual situação política, após a rejeição do programa do Governo PSD/CDS-PP.
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O presidente do BPI acredita que, caso Cavaco Silva dê posse a um governo liderado pelos socialistas, António Costa terá o "sentido de responsabilidade necessário" para manter o país num "caminho de rigor das finanças públicas".
"Se, porventura, o doutor António Costa for indigitado para ser o próximo primeiro-ministro, eu pessoalmente confio no doutor António Costa e no Partido Socialista de que terão o sentido de responsabilidade necessário para manter o país num caminho de rigor das finanças públicas e de garantia de estabilidade no sistema financeiro", afirmou Fernando Ulrich à saída do encontro com Cavaco Silva.
O presidente da comissão executiva do BPI garantiu não ter "a menor ideia" sobre qual será a decisão de Cavaco Silva, sublinhando apenas que "só com rigor nas finanças públicas e estabilidade no sistema financeiro" será possível "continuar a melhorar de forma gradual e sustentável as condições de vida dos portugueses".
Apesar dos elogios a António Costa, Fernando Ulrich não deixou de elogiar o "excelente trabalho" feito por Pedro Passos Coelho, a quem quis "agradecer" e "felicitar" pelo trabalho feito nos últimos 4 anos.
"O país está hoje numa situação que é exigente, mas que é muito melhor e muito mais tranquila do que aquela que tínhamos quando o Governo do doutor Passos Coelho tomou posse", disse.
Antes, Eduardo Stock da Cunha, presidente do conselho de administração do Novo Banco, já tinha salientado que o país precisa de "manter uma trajetória de consolidação das contas públicas" e demonstrar, perante os mercados, que é uma "pessoa de bem".
Questionado sobre os efeitos da atual situação política na venda do Novo Banco, Stock da Cunha garantiu"aceitar e respeitar" as decisões do presidente da República.
Já o presidente do BCP, disse aos jornalistas que pediu a Cavaco Silva que o país invista na estabilidade política e fiscal, para que não haja um travão no investimento: "Manter uma certa estabilidade de enquadramento e de regimes fiscais em Portugal para que a confiança e o investimento possam continuar".
"O essencial é cumprir os compromissos mais importantes que o país tem ao nível europeu", acrescentou Nuno Amado.
Ao final da manhã, numa declaração sem direito a perguntas, Vieira Monteiro, presidente da comissão executiva do Santander Totta, defendeu que Portugal necessita de ter um "Governo forte e estável" e que "cumpra as suas obrigações internacionais", no sentido de "vir a ter cada vez mais investimento estrangeiro".
Vieira Monteiro destacou ainda a "justiça social" e o "desenvolvimento do emprego" como pilares fundamentais para o desenvolvimento do país.
Durante todo o dia, Cavaco Silva recebe em Belém um conjunto de banqueiros, no âmbito das audiências promovidas para debater a atual situação política, após a rejeição do programa do Governo PSD/CDS-PP.
Esta quinta-feira, o chefe de Estado recebe um conjunto de economistas e, na sexta-feira, é a vez de Cavaco Silva ouvir os partidos com assento parlamentar.