Assim faz crer Roberto Gaspar, secretário-geral da ANECRA, em entrevista à TSF no programa Negócios em Português
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A Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA) representa em Portugal mais de 3700 empresas associadas aos vários segmentos do setor automóvel: marcas, veículos novos, pós-venda, oficinas (reparação) e formação, e não perspetiva dias melhores para 2025.
O setor convulsionou em 2024 com o fecho de três fábricas da Volkswagen na Alemanha e uma onda de centenas de despedimentos, bem como o corte de salários dos trabalhadores daquela que é a maior construtora automóvel da Europa, com um peso de quase 8% no PIB alemão.
A juntar à crise das construtoras, a entrada em massa na Europa de carros elétricos vindos da China a preços mais competitivos do que as marcas europeias, novos investimentos como, por exemplo, a instalação da fábrica da BYD na Hungria e, ainda, a ameaça de novas tarifas impostas pela nova administração Trump ao comércio internacional fazem aumentar as preocupações e temer o pior.
Para Roberto Gaspar, secretário-geral da ANECRA, tudo isto deverá ter impacto no preço dos veículos já em 2025, antevendo um ano em que as construtoras automóveis têm novas obrigações comunitárias, em termos de metas de CO₂ por cada carro fabricado e, se não cumprirem, arriscam multas da UE em valores que podem ir aos 15 mil milhões de euros, o que pode levar os fabricantes a suspender a atividade em meados do ano.
A falta de mão de obra ainda é o principal problema do setor e muitos empresários vão ao estrangeiro contratar, tal como alguns já anunciaram idas à Colômbia e ao Brasil, já no início do ano.
O setor emprega cerca de 14 milhões de pessoas na Europa, mas está sob ameaça da concorrência da China e a eletrificação continua longe de ser a opção mais democrática na compra de carro para os europeus, que revelam ainda dificuldades na aceitação do conceito, garante o representante. A razão? Os constrangimentos existentes nas infraestruturas de carregamento de veículos elétricos um pouco por todo o espaço europeu, sendo que Roberto Gaspar assinala algumas falhas nas redes públicas das estações de carregamento e a falta de condições práticas para o utilizador carregar o veículo em casa.
A juntar a esta realidade, as eventuais novas tarifas a impor pela nova administração Trump ao comércio internacional, o monopólio de compra de créditos de carbono a uma única empresa, a TESLA de Elon Musk, são condições de mercado que podem levar a um aumento dos preços dos veículos já em 2025, apesar da perspetiva de crescimento das vendas de elétricos e de veículos usados, em segunda mão, mas estes são motivos que levam Roberto Gaspar a olhar para o futuro com alguma preocupação.
