
António Costa
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O primeiro-ministro diz que "grande parte das dúvidas" de Bruxelas sobre a Caixa Geral de Depósitos foram "ultrapassadas". Costa defende ainda "um forte banco privado de raiz nacional".
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"O quadro de discussão com a União Europeia está praticamente concluído, grande parte das dúvidas que existiam estão ultrapassadas e acho que há um caminho para o poder desenvolver", disse o primeiro-ministro, António Costa, durante o almoço promovido pela Câmara do Comércio e Indústria, em Lisboa.
O chefe de Governo não garante que Bruxelas irá dar "luz verde" a uma recapitalização com recurso ajudas do Estado, mas defende que, por agora, tudo está bem encaminhado, insistindo que, para o Executivo, o objetivo essencial continua a passar por uma Caixa Geral de Depósitos (CGD) "100 por cento pública", "inteiramente capitalizada e com uma gestão "cada vez mais profissionalizada".
Costa considera ainda que, no que diz respeito à CGD, existe demasiada "especulação noticiosa" e "análises", sublinhando o primeiro-ministro que, é preciso definir bem o alcance das transformações que o Governo quer promover no banco público, não confundindo recapitalização com reestruturação.
"Pormos tudo no mesmo bolo - como se da mesma necessidade de reforço de capital de tratasse - acho que é confundir coisas diferentes e planos de execução temporal bastante diferentes, porque um programa de reestruturação é a 4 ou 5 anos e requer capital a 4 ou 5 anos, outra coisa são exigências regulatórias que já são imperativas e que tem e ser cumpridas de imediato, e outra coisa é a forma como se gerem ativos menos rentáveis", afirmou.
No almoço, António Costa criticou ainda "a maneira como se tem destruído valor com a pressa de recuperar determinados créditos", defendendo que, no caso da CGD, o ideal é que o banco tenha capacidade de valorizar ativos "daqui a 4, 5 ou 10" anos.
Já sobre a possibilidade de vir a existir, na Assembleia da República, uma comissão parlamentar de inquérito sobre a Caixa, o primeiro-ministro escusou-se a responder, dando conta de que essa é matéria para gerir dentro o quadro parlamentar.
Costa defende "forte banco privado de raiz nacional"
"Também é desejável que haja outros bancos de origem nacional e acho que pelo menos um banco privado, um forte banco privado, de raiz nacional. Penso que aí é daquelas matérias em que os senhores podem ajudar", disse António Costa perante empresários e personalidades ligadas ao setor financeiro e sem se referir de forma direta ao Novo Banco ou ao BCP - os dois maiores bancos com um perfil semelhante ao elencado pelo primeiro-ministro.