Crise política: PRR "será sempre afetado", prejuízos económicos "maiores" e país "menos previsível"
No Fórum TSF, Pedro Dominguinhos considera que a aplicação dos fundos fica comprometida, mas “existem os instrumentos necessários” para que os projetos não fiquem paralisados. Já Armindo Monteiro questiona qual é a estratégia para Portugal "neste momento de grande convulsão"
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A crise política está instalada e a incerteza sobre eleições antecipadas subsiste, mas, na prática, quanto é que isto vai custar ao país? A ideia de que “esta incerteza” é “negativa” para a economia portuguesa marcou o Fórum TSF desta sexta-feira.
Para o presidente da comissão de acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Pedro Dominguinhos, a aplicação dos fundos fica comprometida, caso o país vá para eleições antecipadas. Ainda assim, a maioria dos projetos não depende do Executivo, sublinha.
“O maior desafio tem a ver com outros investimentos que não carecem dessa reprogramação. Tem a ver com a concretização das 26 mil habitações, com a concretização dos centros de saúde e das camas de cuidados continuados e paliativos, coma construção de creches e com a concretização dos investimentos do hidrogénio”, afirma.
Pedro Dominguinhos considera que “existem os instrumentos necessários” para que os projetos não fiquem paralisados, mas o PRR “será sempre, como já aconteceu, afetado”.
Também o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, Pedro Braz Teixeira, considera que “esta incerteza política é negativa”. Ainda assim, o seu impacto “depende de dois fatores. Por um lado, quanto tempo é que vai durar. Por outro lado, depois das eleições, quanto tempo até é termos um novo governo”, frisa.
Se houver uma mudança de Governo, vai perder-se mais tempo. Os prejuízos económicos serão maiores.
Do lado da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), o presidente Armindo Monteiro sublinha que “a previsibilidade é um elemento muito importante para qualquer projeto de investimento” e Portugal começa “a ser tudo menos previsível”.
“É necessário que exista uma convergência e visão. Qual é a estratégia para Portugal neste momento de grande convulsão, o que é que pretendemos ser?”, questiona Armindo Monteiro, atribuindo responsabilidades a todos os partidos políticos.
Luís Montenegro anunciou na quarta-feira, na abertura da moção de censura apresentada pelo PCP, que o Governo avançará com a proposta de uma moção de confiança ao executivo pelo parlamento, "não tendo ficado claro" que os partidos dão ao executivo condições para continuar. No debate, o PS e o Chega anunciaram que vão votar contra a moção de confiança.
