Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, a presidente do IGCP, que gere a dívida pública, acredita que, nos próximos tempos, Portugal ainda vai pagar menos pelos leilões de dívida.
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As taxas de juro da dívida portuguesa têm renovado mínimos históricos e Cristina Casalinho acredita que «ainda vão descer um pouco mais». A presidente do Instituto de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública prefere não arriscar uma previsão concreta das taxas, mas adianta que «ainda há espaço para elas caírem». A redução do custo de financiamento culminou no final de Fevereiro com juros pouco acima de 2% num empréstimo a 10 anos. No mercado secundário, onde os investidores trocam dívida entre si, a taxa seguia na sexta-feira em 1,6%.
Para Cristina Casalinho, esta redução deve-se, em grande medida, à saída do programa de resgate, mas também à queda da inflação e às «declarações muito contundentes» do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que em Agosto falou sobre a possibilidade de um programa de estímulo monetário. conhecido como "Quantative Easing". A compra de dívida por parte do BCE terá início esta semana.
Questionada se Portugal terá condições de fazer mais reembolsos ao FMI este ano, para lá dos 6 mil milhões de euros já previstos, a presidente do IGCP diz que «é um aspeto que vai ter de ser estudado à medida que o tempo evoluir, dependendo das condições de mercado e da evolução das necessidades de financiamento do Estado português».
Em todo o caso, esclarece que o país não pode pedir demasiado dinheiro emprestado num curto espaço de tempo: «Se Portugal emitir mais [dívida] do que aquilo que houver de apetência por parte dos investidores para comprar, isso não é uma solução positiva, as taxas subiriam».
Cristina Casalinho diz ainda que Portugal continua a ser prejudicado pelas agências de rating: «Há alguns investidores grandes, designadamente investidores europeus tradicionais, como seguradoras ou fundos de pensões, que têm restrições na compra de dívida pública» e que não emprestam tanto como podiam «porque Portugal ainda está numa classe de não investimento». De entre as quatro maiores agências de notação financeira, apenas a DBRS, do Canadá, dá nota positiva à dívida portuguesa.