CTT: Lucros em queda livre mas empresa garante que "não abandona as populações"
Resultado de 27,3 milhões de euros em 2017 representa queda de 56,1% em relação a 2016. Presidente garante que os correios "não abandonam as populações" apesar da substituição de estações por postos.
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O resultado líquido dos CTT caiu 56,1% em 2017, face ao ano anterior, para 27,3 milhões de euros, sendo que o tráfego de correio endereçado caiu 5,6%, anunciaram hoje os Correios de Portugal.
Nos últimos meses tem sido grande a polémica em relação ao encerramento de estações, mas o presidente da empresa garante que o número de pontos de acesso até aumentou: "houve uma redução de 20 lojas e um aumento de 23 postos de atendimento", garante. Francisco de Lacerda assegura que os correios "não abandonam as populações" e por isso sublinha que os serviços essenciais, sobretudo o pagamento de pensões através de vale postal, que "é assegurado nos postos do correio. Não fechamos as lojas abandonando as populações, e temos a preocupação de mantermo-nos próximos de uma população para quem a pensão é importante e para quem um agravamento de custos por deslocação é incomportável e não faz sentido".
Os correios estão em reestruturação: até 2020 a empresa conta ter menos 800 trabalhadores que os 12 mil que tinha no final de 2017, e só desde janeiro mais de 200 funcionários saíram por mútuo acordo. Francisco de Lacerda revela que desde o início do ano a companhia já chegou a acordo com "220 pessoas que aceitaram a saída" mas recusa falar de metas para este ano: "ainda não é altura para falar desse futuro".
Os CTT tem três grandes áreas de negócio: o correio tradicional, que está em queda como em todo o mundo (é hoje metade do que era em 2001), o envio de encomendas que tem crescido graças às compras online, mas não o suficiente para compensar a redução das cartas e envio de objetos entre particulares, e o banco CTT, que já tem 285 mil clientes, 620 milhões de euros em depósitos, e crédito à habitação a atingir os 66 milhões de euros.
Desde 2001, o número de cartas enviadas pelos correios caiu para metade.
Os CTT registam quedas sucessivas de resultados desde 2015.
Resultados em queda livre
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os CTT adiantam que a quebra do lucro é "decorrente de um decréscimo do EBITDA [resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações] e do EBIT [resultado operacional]".
Estas quebras do EBITDA (-20,5%) e EBIT (-48,2%), referem os Correios, tiveram "origem fundamentalmente": em 2017 na "queda de tráfego de correio, provisões de gastos relativos à otimização de recursos humanos, entrada da Transporta no grupo", em 2016 no "acordo com Altice e significativa reversão de provisões".
O resultado líquido recorrente dos CTT - que exclui os rendimentos e gastos não recorrentes e considera uma taxa de imposto nominal sobre o rendimento - recuou 37,5% para 40 milhões de euros.
No ano passado, os rendimentos operacionais dos CTT subiram 2,5% para 714,3 milhões de euros, "influenciado pela mais-valia e os juros associados à venda dos imóveis da rua S. José em Lisboa (16,3 milhões de euros)".
No que respeita aos rendimentos operacionais recorrentes, estes subiram 0,4% para 697,9 milhões de euros, "em resultado do crescimento dos segmentos de expresso e encomendas e Banco CTT, que compensou o decréscimo das áreas de correio e de serviços financeiros", sendo que "retirando a receita do acordo com a Altice registada em 2016 (9,6 milhões de euros), o crescimento dos rendimentos operacionais recorrentes foi de 1,8%", explicam.
Já o EBITDA recuou 20,5% para 81,1 milhões de euros e o EBIT diminuiu 48,2% para 47,1 milhões de euros.
A administração sublinha que desde o início de 2017, a rede aumentou em 3 postos, apesar do encerramento de 20 lojas. Neste período abriram 23 pontos de acesso.